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24/06/2010 - 18h27

Com lucro de US$ 835 milhões, jogos sociais ampliam mercado de games

OTAVIO MOULIN e PABLO RAPHAEL
Colaboração para o UOL

Reprodução

Fácil de jogar e com visual singelo, "Farmville" conquistou milhões no Facebook

Fácil de jogar e com visual singelo, "Farmville" conquistou milhões no Facebook

Pessoas espalhadas por todos os cantos do mundo hoje parecem saber tudo sobre plantio de sementes e a melhor hora para a colheita , mas parte talvez nunca tenha pisado em uma fazenda de verdade. São os jogadores de "Farmville", símbolo de uma tendência que tomou conta do mercado de games nos últimos tempos: os jogos sociais (tradução livre de "social games"). Embutidos em redes como Orkut, MySpace e Facebook, estes games têm como principal apelo a diversão em jogar na companhia de amigos ou conhecidos.

O segmento ganhou força depois que a rede social Facebook abriu as portas para o uso de softwares de terceiros. Vistos inicialmente como produtos complementares, alguns games rapidamente se tornaram atrações principais em um negócio que deve movimentar cerca de US$ 835 milhões em 2010, de acordo com o InsideVirtualGoods, site especializado em rastrear o segmento de produtos virtuais, que inclui jogos de celular e venda de aplicativos, entre outros. Em 2012, de acordo com analistas do fundo de investimento ThinkEquity, o valor pode ultrapassar os US$ 2 bilhões.

O mais óbvio sinal da importância do nicho é a movimentação das tradicionais produtoras de games, famosas por lançar grandes (e caros) títulos para videogames como o PlayStation 3 e o Xbox 360. A Electronic Arts, por exemplo desembolsou cerca de US$ 300 milhões no ano passado para adquirir a Playfish, criadora de games como "Pet Society" ou "Restaurant City", grandes sucessos no Facebook que contabilizam 10 milhões de usuários por dia. Outras gigantes como a Sega e 2K Games passaram a montar estúdios internos para trabalhar em projetos na mesma linha.

Reprodução
"FIFA Superstars" possui licença oficial e é o lançamento mais recente da Playfish


Para os desenvolvedores é um grande passo. O mercado tradicional de jogos tem um público fiel, mas relativamente estagnado. A nova vertente ainda é recente, tem seus riscos, mas o potencial para alcançar nova audiência é irresistível. Os PCs possuem uma base instalada muito maior do que qualquer plataforma de videogame; de acordo com um estudo recente da FGV (Fundação Getúlio Vargas), cerca de 72 milhões de computadores são utilizados só no Brasil, enquanto o PlayStation 3 da Sony, por exemplo, acumula cerca de 30 milhões de unidades no mundo inteiro. A questão é que muitos desses PCs tem poder de processamento menor e público menos especializado exigido pelo mercado comum de games do varejo.

"Comecei a jogar depois de ver meu namorado jogando 'Farmville', me interessei e logo estava mais viciada que ele. Não só no 'Farmville' , mas em vários jogos sociais, experimentava todos. Meus favoritos são 'Farmville', 'Treasure Madness', 'Vampire Wars' e 'Mafia Wars'.

Sempre fui fã de jogos em flash, mas o diferencial dos jogos sociais é a interatividade, se você precisa de algo é só pedir que o pessoal manda, e você também ajuda os outros. Você também acaba se aproximando mais das pessoas nesses jogos."


Marisa Amaral, 20 anos, estudante de Psicologia

"Por insistência dos convites de amigos, aceitei e gostei, achei interativo e relaxante. Gosto de 'Mafia Wars', 'Farmville' e 'Petville'. Me dedico apenas a esses três, não costumo experimentar novidades. Levo os meus joguinhos a sério. O que mais gosto neles é a oportunidade de abstração, mas com a ilusão de comando da situação juntamente a responsabilidade."

Lúcia Regiane Rodrigues Pereira, 38 anos, empresária
A OPINIÃO DE QUEM JOGA
Em uma pesquisa rápida feita em lojas online do Brasil, por exemplo, é possível encontrar uma infinidade de computadores baratos que custam menos de mil reais e podem ser parcelados em dez vezes sem juros. Tais máquinas são simples, mas mesmo entre modelos mais caros e potentes é quase impossível achar uma pronta, fechada, capaz de rodar jogos recentes como "Crysis", "Modern Warfare 2" ou "Batman: Arkham Asylum" pela falta de aceleradoras gráficas dedicadas de fábrica. De tão sofisticados, mesmo com uma máquina capaz, a maioria dos usuários de computador provavelmente não saberia sequer por onde começar a jogar tais games citados.

Os jogos sociais resolvem tais problemas e oferecem ainda muito mais. São geralmente mais simples e leves, com sistemas de evolução e integração social que instigam o jogador a sempre voltar para outra sessão e compartilhar seus feitos com amigos, sem controles complicados ou necessidade de instalação na máquina. "Os jogos sociais possibilitam uma maior interação, principalmente pelo fato de estarem inseridos nas redes sociais, que já trazem os amigos participantes do dia-a-dia do usuário", comenta Tahiana D'Egmont, diretora geral da Mentez, empresa responsável por "Colheita Feliz" no Orkut.

Paixão de milhões

"Sinceramente, não lembro como comecei a jogar. Provavelmente foi por convite de alguém, mas também posso ter conhecido por curiosidade, por gostar de jogos. Meu favorito é 'Mafia Wars'. Atualmente também jogo 'Social City' e 'Hotel City' e experimento tudo o que aparece, profissionalmente, mas principalmente por hobby. Gosto da competição gerada entre amigos e a evolução constante."

Nathalie Ouchi, 24 anos, game manager

"Meus jogos sociais favoritos são do Facebook: 'Farmville', 'Treasure Isle' e 'Restaurant City". Comecei jogando no Orkut, mas vi que não tinha muita graça pois se você não compra as moedinhas não consegue ampliar sua fazenda e o jogo fica lento. Logo recebi um convite para ingressar no Facebook e descobri que lá também existia uma fazendinha, porém, com mais liberdade. Comecei e não parei mais... e abandonei minha fazendinha do Orkut!

O mais legal é que você está sempre em contato com diversas pessoas, de nacionalidades e culturas diferentes. Alguns jogos te possibilitam jogar cooperativamente, como no 'Farmville', e você tem opção de ajudar vizinhos."


Fernanda Julião, 26 anos, administradora
A OPINIÃO DE QUEM JOGA
A popularidade já impressiona. Um jogo como "Grand Theft Auto IV", disponível para PlayStation 3, PC e Xbox 360, vendeu algo perto de 17 milhões de cópias ao redor do mundo. Tal produto teria que ser emprestado, alugado ou revendido várias vezes para alcançar o número de usuários do singelo "Farmville", simulação de fazenda que, no Facebook, conta com mais de 70 milhões de jogadores ativos.

Como esse montão de gente conectada e jogando se converte em dinheiro? A Zynga, criadora de "Farmville", além de faturar com contratos de parceria com o Facebook e outras plataformas, também arrecada com a venda de seu dinheiro virtual.

Seus jogos geralmente contam com dois tipos de moeda, um que é arrecado por puro mérito e habilidade, outro adquirido pelo uso de um cartão de crédito internacional e o gasto de alguns dólares. Não por coincidência, muitos dos itens mais interessantes desses games só podem ser usados com o dinheirinho virtual comprado com dinheiro de verdade.

Em 2009, a Zynga arrecadou mais de US$ 250 milhões e, de acordo com o Business Insider, as estimativas apontam um aumento para US$ 525 milhões em 2010.

Crédito
Árvore de Mini-Bis em "Colheita Feliz": jogos sociais são boas oportunidades para novos tipos de publicidade em games
A Mentez trabalha com um modelo similar e foi adiante. Desenvolveu o sistema Paymentez, que vende moeda virtual universal que pode ser utilizada por outros desenvolvedores em seus jogos. De acordo com dados divulgados pela empresa, cerca de 1,5 milhão de usuários já utilizaram tal sistema de comércio. Outra fonte de receita está no mercado publicitário. Em recente campanha da Kraft Foods foram distribuídas no game de fazenda sementes do chocolate Mini-Bis. "Oferecemos sementes de cacau na cor azul para os jogadores que depois foram surpreendidos pelo nascimento de árvores de Mini-Bis", conta Tahiana a respeito do evento no "Colheita Feliz".

Como em todo segmento relacionado a tecnologia, os social games podem ser vistos a princípio como uma moda passageira, outra bolha com dias contados para estourar. No entanto, com a enorme quantidade de lançamentos de hardwares como o celulares multifuncionais, netbooks e tablets, o uso de games cada vez mais leves e integradores parece essencial para a criação e manutenção de novos jogadores, até mesmo como forma de apresentá-los mais tarde aos mais robustos e badalados consoles dedicados.

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