Tal qual aconteceu com outros títulos da Electronic Arts lançados nesta temporada para Wii, a versão de "FIFA 10" para o console foge do clichê de ser uma mera conversão com gráficos piorados, focando em aproveitar da melhor maneira possível as capacidades limitadas do aparelho e também criar uma experiência mais interessante para o amplo público casual do videogame.
Assim, este "FIFA 10" foge do realismo que tanto marca as produções principais da franquia, oferecendo um estilo de jogo mais rápido, simples e descontraído, similar a títulos de fliperama, como "Super Sidekicks" e "Virtua Striker", ou mesmo o clássico "International Superstar Soccer".
Simplicidade exageradaA principal diferença de "FIFA 10" no Wii em relação às outras versões fica por conta dos controles. As partidas são todas em ritmo rápido e intenso, com jogadores correndo de forma frenética e chutes potentes pipocando a todo momento. Sai de cena o realismo cadenciado das produções em alta definição, aparece no lugar a correria à la "Mario Strikers".
Para chutar basta chacoalhar o Wii Remote. Fazendo isso com o jogador bem posicionado e vindo em velocidade, sai uma verdadeira bomba, com direito até a um rastro de ar estilizado. Se bem feito, indefensável, e o fato de essa mecânica ser de fácil aprendizado acaba sendo ponto positivo e problema. Jogadores novatos não terão dificuldades em aprender o esquema, mas uma vez que se domina ele as partidas parecem sair do reino do futebol e flertar com o basquete, apresentando placares elásticos, com muitos e muitos gols.
A mesma questão ocorre também em cobranças de bola parada, como pênaltis, faltas e escanteios. Mais do que precisão e treino, conta aqui conseguir balançar o controle no tempo correto, quando a bola brilha verde por um rápido instante. Fazer isso garante um bom chute, assim como uma bela defesa para quem está do outro lado - mas geralmente quem cobra acaba levando vantagem por ter mais tempo para fazer isso por fazer antes do adversário.
A simplicidade nos controles se espelha em todo o restante de "FIFA 10". De maneira acertada, o visual deixa de lado a ambição do realismo e opta por um estilo cartunizado, muito similar ao visto em "Grand Slam Tennis". Perde-se em detalhes, mas figurinhas carimbadas são totalmente reconhecíveis, o trabalho é bem feito e mesmo as animações são complexas. Ou seja, de forma inteligente a EA dribla o pouco potencial gráfico do Wii optando por um estilo artístico bonito e possível de se realizar com competência.
Nos modos de jogo, não se vê também o amplo leque das versões maiores. Como de costume, é possível realizar amistosos simples e disputar torneios e campeonatos de diversas partes do mundo. Igualmente há a opção de encarnar o técnico de uma equipe e guiar o time pelas temporadas, mas, por exemplo, nada do modo Be a Pro, em que se comanda apenas um atleta. O modo online traz conexões estáveis, mas simplicidade nas opções: no máximo partidas para até quatro pessoas, entre duplas, nada do épico 10-contra-10 das outras versões.
CONSIDERAÇÕES
"FIFA 10" agrada muito ao adequar a série às limitações e proposta do Wii. Infelizmente, os controles pecam pela simplicidade exagerada, que logo descamba para partidas repetitivas e lotadas de gols uma vez que se domine o esquema. O visual é bonito, mas a escassez de opções de partida em relação a outras versões gera um certo desapontamento.