Skate It

OTÁVIO MOULIN
Colaboração para o UOL

Construa rampas e desafios

Com uma estréia arrebatadora no Playstation original, a série estrelada pelo astro Tony Hawk logo se tornou referência em jogos de skate. Com a fome de explorar a franquia ao máximo, a Activision obrigou seus produtores a trabalhar com um pé no acelerador para lançar novos capítulos todos os anos, o que causou superexposição da marca e uma inevitável queda de qualidade. Os jogos do "homem gavião" aos poucos se tornaram cada vez mais caricatos, abrindo uma brecha para a Electronic Arts se meter no gênero com seu "Skate", lançado em 2007 para Playstation 3 e Xbox 360.

O game da EA Sports logo ganhou admiradores por sua abordagem mais apegada à realidade, longe dos exageros crescentes da franquia dominante. O esquema de controles foi o principal responsável, que deixou os truques mais elaborados a cargo de combinações realizadas pelas duas alavancas analógicas, mais ou menos como a série "Fight Night" fez com as lutas de boxe.

Um ano depois, o Wii e o DS ganharam exemplares da nova série, agora sob o nome de "Skate It" para indicar de que se trata de um jogo inédito e não uma simples conversão, que de certa forma serve como ponte para "Skate 2". As duas plataformas da Nintendo, como não contam com duas alavancas, tiveram seus controles modificados e readaptados, com o Wii se beneficiando do uso do sensor de movimentos - inclusive com suporte opcional à Balance Board, a prancha que acompanha o game "Wii Fit".

Curtindo o desastre

A premissa de "Skate It" apela para uma solução radical na tentativa de justificar grandes cenários vazios ideais para a prática do esporte: uma catástrofe simplesmente destrói a cidade fictícia de San Vanelona, que serviu de lar para o game original. Com o local esvaziado e sitiado, skatistas resolvem explorar os escombros em busca de circuitos e obstáculos inéditos. Tudo mostrado com alguns vídeos bem produzidos e um roteiro que ao menos se esforça para contextualizar os eventos.

Detalhes do modo Carreira

O modo principal de carreira explora esta evolução dos esportistas em busca de novos desafios, com uma campanha longa e criativa que ainda privilegia o senso de liberdade para escolher os objetivos primários que mais gostar. Como não poderia faltar em um exemplar do filão, há todo tipo de customização para seu atleta, desde sua aparência a seus equipamentos passando pelos símbolos de grifes famosas deste universo, como Vans e Thrasher. Outros extras foram inseridos para engordar o pacote, como a possibilidade de criar vídeos ou reunir até quatro amigos em um multiplayer local limitado, onde eles devem se revezar nas provas.

É um produto bastante completo e atraente para os fãs de skate, ainda que por sua complexidade nos controles e razoável conteúdo. Aqueles que se importam demais com visuais, no entanto, devem estar preparados para o pior: "Skate It" para Wii tenta ser detalhista e realístico demais para o poder do console, exibindo gráficos sem graça e momentos de carregamento bem demorados. Ao menos a trilha sonora é campeã, com nomes de peso como LL Cool J, The Clash, Public Enemy, Wu-Tang Clan, Black Sabbath, Judas Priest e Motörhead.

Controles fazem a diferença

Mas como ficaram os controles inovadores de "Skate"? Bem, a equipe de desenvolvedores conseguiu criar um esquema ainda mais complexo para o Wii, que basicamente utiliza o Wii Remote para realizar as manobras especiais. Você pressiona o botão A para remar e mexe a mão para executar os truques - para conseguir um simples ollie você precisa mover o controle para cima enquanto movimentos mais trabalhados ainda requerem balanço para outras direções e torções no punho, ou ainda combinações de tudo isso.

Cenários do jogo

Como foram disponibilizadas algumas dezenas de movimentos especiais, se tornar um expert em "Skate It" pode demorar um bocado. Algumas seqüências requerem alta coordenação em um esquema que nunca é totalmente preciso, tornando o game um pouco menos amistoso para jogadores casuais do que visto na maioria esmagadora do acervo do Wii. E as coisas conseguem ficar ainda mais complexas para os empolgados que apostarem no uso da Balance Board; aí se torna necessário coordenar os movimentos dos pés - que realizam os truques - com das mãos ainda ocupadas pelas remadas e grabs.