FIFA 07

da Redação

Eles nasceram predestinados para disputar ombro a ombro todos os lances. Vieram ao mundo ambos em 1994, um no Mega Drive, outro no Super Nintendo - até nisso estavam em terrenos opostos. Em campo, uma das maiores rivalidades que os videogames já viram. O assunto é a eterna comparação entre as séries "FIFA" e "Winning Eleven".

O trunfo da primeira é a licença oficial da entidade máxima do futebol, que permite o game da Electronic Arts ter jogadores, clubes, federações e estádios oficiais. Já a Konami é elogiada pela mecânica de jogo que traduz mais fielmente como funciona o futebol de verdade. Ambas, ano a ano, avançam no terreno onde o adversário sempre se sobressaiu.

Somente para a nova geração

"FIFA 07" é a mais recente jogada da Electronic Arts na disputa pelo campeonato de melhor videogame de futebol. Apesar de homônimas, as versões para as respectivas plataformas têm características únicas, tão distintas que podem ser considerados jogos diferentes.

A edição para Xbox 360 foi feita pela base, ou seja, todas as tecnologias envolvidas no game foram desenvolvidas especialmente para o console de nova geração da Microsoft. No caso da Electronic Arts, isso tem dois resultados práticos: o visual é diferenciado, mas também traz menos conteúdo que as versões para outras plataformas.

Os gráficos apresentam altos e baixos ao longo do game. Não se deixe impressionar pela tela de aquecimento, que traz Ronaldinho Gaúcho (na configuração padrão) contra um goleiro num campo de treinamento à meia-luz. De fato, essa cena é para deixar empolgado, mas, infelizmente, não é a tônica no game. A saída do vestiário ainda traz alguma esperança (pena que é sempre a mesma animação), mas quando a bola começa a rolar, você começa a achar que é outro jogo.

Durante a partida, todos os efeitos de iluminação parecem estar desligados. É tudo meio chapado, numa tonalidade única, que tira muito da vivacidade que o game tinha até então. Nos replays fica um pouco melhor, pois dá para ver os atletas em detalhes. Mas percebe-se que o game evita mostrar o rosto dos jogadores, pois, apesar de lembrar os astros de verdade, carecem de expressão facial. Além disso, todos eles parecem feitos de plástico. forma convincente.

As partidas noturnas são um pouco melhores, pois há uma iluminação mais fácil de reproduzir. O processamento de sombra é relapso, pois a que é formada pelo estádio não interage com a do jogador. Já está na hora de mirar o exemplo de games como "Splinter Cell: Double Agent" ou "Tomb Raider Legend" - ambos têm um mecanismo de sombra muito bom. Ainda assim, o game é superior à versão para Xbox 360 de "Pro Evolution Soccer 6" e o melhor "FIFA" em termos de gráfico para o console.

O visual não convence de todo, mas as animações são fantásticas. Quase todos os movimentos são muito naturais, variando conforme a situação. O jeito de parar a bola, cortar para o lado, receber no peito e até mesmo aquele desequilíbrio depois de chutar após um pique, tudo está extremamente fiel ao esporte de verdade. Nota-se que alguns giros ainda estão um pouco robóticos, mas é uma pequena falha em meio a tantos acertos. Momentos importantes, como uma falta perto da área, ganham uma cena de corte. E o gol, é claro, é comemorado efusivamente. Pena que o número de animações seja um pouco limitado.

Cadê o passe que estava aqui?

A mecânica de jogo de "FIFA" vem melhorando a cada edição e isso não é diferente em "FIFA 07". A configuração do controle tem a qualidade de servir tanto para os novatos como os veteranos. Os botões principais bastam para realizar aquelas jogadas "arroz com feijão", mas com o auxílio de outros botões, principalmente os de ombro, a gama de movimentos fica bem maior.

Uma das maiores reclamações fica para o passe. O movimento não é totalmente eficiente, mas pelas razões erradas. É que quem recebe o passe, o faz quase pregado ao chão, e não em movimento, para dificultar a interceptação do adversário. Não há como você se antecipar, apenas esperar chegar a bola. Se, ninguém aparecer na sua frente, é claro. A enfiada é um recurso eficiente, mas somente se usado na hora certa. Ou seja, não adianta tentar aleatoriamente, pois os resultados também serão ao acaso.

Agora, o movimento da bola é independente do jogador, isso quer dizer que as jogadas são mais imprevisíveis, principalmente numa dividida ou num bate-rebate. Essa mecânica é usada pelo analógico direito, que faz um drible mais comprido para a direção desejada. Ainda há o que melhorar, mas já deu mais um passo para emular as emoções do esporte nacional.

Também não se pode reclamar da resposta do controle, que é instantânea. Às vezes, parece que o chute não sai na hora, mas não é possível fazer isso no meio de uma passada no mundo real, não é mesmo? Durante o jogo, o desempenho do game se mantém, com um fluxo de tela suave, de 60 quadros por segundo. Mas, nas cenas não-interativas, o "frame rate" cai um pouco, mas, não influencia na partida.

Craque dentro e fora de campo

"FIFA 07" não tem muitas modalidades de jogo. Na categoria offline, há uma partida simples, para até quatro pessoas, uma espécie de torneio (FIFA Lounge), um modo de desafio (Challenge) e uma modalidade de administração de clube. Neste, você vive um técnico com poderes de administração (o chamado manager), e deverá viver o dia a dia de uma equipe.

Agendar treinamento, contratar atletas, escolher patrocinadores, determinar preço dos ingressos e por aí vai. Parece complicado, mas é possível sobreviver sem explorar todos os recursos. Afinal, como se diz, um técnico vive de resultados. Vencer os jogos é primordial na permanência do cargo. Mas se conseguir administrar os problemas fora das quatro linhas, melhor. Há elementos mais fantasiosos, que remetem a RPGs, como experiência e pontos para melhorar a equipe. Você também se depara com entrevistas para imprensa e outros pedidos, e há várias opções de respostas: cada uma delas trazendo conseqüências, positivas ou negativas, ou os dois ao mesmo tempo.

O modo de torneio também é pouco tradicional. Até 20 equipes podem participar e ao término de cada partida, você tem algumas opções de comentários, que pode refletir na pontuação ou ganhar itens que conferem vantagens efetivas, como fazer o adversário jogar com menos jogadores. Para o bem do equilíbrio, os itens são melhores para quem perdeu a partida. A modalidade é divertida, mas não custava nada incluiu uma liga ou um campeonato mais tradicional.

O desafio já é conhecido das outras edições e consiste em enfrentar várias situações adversas e sair vencedor. A gama de condições a preencher é mais variada desta vez: fazer gol com um reserva nos últimos cinco minutos, ganhar sem anotar nenhum impedimento, vencer com vários jogadores fazendo gol, enfim, a lista é grande. São, ao todo, 85 fases. É uma pena que eles não estejam vinculados com o desbloqueio de conquistas, o que seria lógico. Aqui, há apenas 11 delas, mas a maioria é bem complicada de liberar.

A parte online conta com partidas valendo pontos para o ranking ou não, como é tradição nos games para Xbox 360. O desempenho dos servidores poderia ser melhor, pois nos testes foi difícil conectar aos servidores da Electronics Arts. Jogando contra adversários regionais, o desempenho foi bom, mas tropeçou muito com jogadores do exterior. Além do modo competitivo, também há um cooperativo, em que os jogadores se unem contra o computador, e um canal de notícias atualizadas sobre o futebol internacional. Pena não haver o modo de liga interativa que havia no PC.

Comentário para inglês ouvir

O número de clubes é muito menor que a edição para PC: são 6 ligas, 117 clubes e 37 seleções nacionais, contra 27 ligas e 510 times do computador. Para os brasileiros, a omissão do Brasileirão é doída. O jeito é tentar se contentar com o selecionado que foi para a Copa do Mundo, que já soa bem desatualizado, ou escolher algum clube das ligas inglesa, espanhola, italiana, alemã, francesa ou mexicana, mas só da primeira divisão. O pouco conteúdo foi motivado pelo desenvolvimento da tecnologia exclusiva para o console, que tomou muito tempo.

A seleção musical é eclética - vem de várias partes do mundo - e deve agradar a maioria dos jogadores. O Brasil marca presença com "Tive Razão", de Seu Jorge. O grito da torcida varia conforme a situação da partida e é personalizada para cada time. O público brasileiro não está tão empolgado como o de verdade, mas quebra um galho. Quem deixa a desejar, também para os padrões nacionais, são os narradores, de origem britânica. Parecem emburrados e falta-lhes empolgação, mas esse deve ser o estilo local. Mais uma vez, o PC dá um banho, pois traz as vozes de Nivaldo Prieto e Paulo Vinícius Coelho. Quem sabe, agora que o Xbox 360 foi lançado no Brasil, os próximos "FIFA" ganhem o mesmo tratamento.

Bom, mas ainda pode melhorar

"FIFA 07" é o melhor da franquia para o Xbox 360 até o momento. Traz uma mecânica de controle que cada vez mais está se aproximando da essência do futebol real. A nova tecnologia desenvolvida para o game trouxe boas novidades, principalmente nas animações, mas limitou o número de times - a versão do console tem apenas um terço da edição para PC. A modalidade online tem pequenos problemas de estabilidade, mas quando funciona proporciona ótimas partidas. Futebol é sempre melhor quando jogado com os amigos.