Hannah Montana: The Movie

CLAUDIO PRANDONI
Colaboração para o UOL

Tal qual "High School Musical", a loirinha cantora Hannah Montana, também da Disney, tomou de assalto o mundo pop juvenil. Conquistou logo o afeto de crianças com músicas animadas e empolgantes, pontuando histórias que mesclam o glamour da vida de artista com a simplicidade e charme de uma vida comum.

Como já era de se esperar, um filme foi produzido para angariar em cima do sucesso da mocinha na televisão e, por consequência, um jogo baseado em tal longa-metragem chegou às lojas com versões para vários consoles.

O pior de duas vidas

O game se divide em duas partes, ambas desequilibradas e cheias de falhas. Ora você acompanha Hannah Montana, a artista mirim razão do afeto de dezenas de fãs que acompanham avidamente seus shows. Nos outros trechos do título a estrela se torna Miley Cirus, a intérprete de Hannah, que abandona uma pacata vida no interior ao se mudar para a cidade grande.

O enredo do filme é abordado de forma superficial aqui, citando apenas os momentos principais. Miley está cansada da rotina que leva, obrigada a se dividir entre a fama e o anonimato. Assim, a família a leva para relaxar em sua cidade, Crowley Corners, no interior do estado norte-americano do Tennessee. Por lá ela tem de lidar com a popularidade de Hannah Montana e alguns de seus amigos que partilham o segredo de sua identidade.

No game o jogador interfere minimamente no roteiro. Nos segmentos como Hannah o objetivo é realizar movimentos diversos enquanto a garota dança charmosamente pelo palco. No Wii, tudo é realizado movimentando o Wii Remote ou a extensão Nunchuck. Nas outras plataformas, tais funções são realizadas pelas alavancas analógicas, que devem ser acionadas nas direções corretas.

Os problemas são muitos e graves: os movimentos não coincidem em nada com a coreografia de Hannah, o reconhecimento dos comandos é péssimo - no Wii basta chacoalhar os controles de qualquer maneira para se dar bem - e as opções são limitadas. Mesmo quando tocando guitarra, teclado ou cantando, é só apertar setinhas ou remexer o esqueleto. Chega a ser patético. Pode parecer uma tentativa de simplificar, tornar acessível a muita gente, mas falha miseravelmente: soa como desleixo e incompetência mesmo, infelizmente.

Para piorar, só se pode dançar e fazer gestos. Até combina com a temática, mas convenhamos: como é possível não colocarem opção de cantar em um jogo estrelado por uma cantora? Não parece uma decisão consciente de design. Novamente, falta de capricho.

Jogar com Miley também não é nenhum refresco. Hannah ao menos entretém com as canções originais do filme, já a calminha Miley se limita a vagar por Crowley Corners realizando tarefas chatas e participando de minigames igualmente sonolentos. Ande de um lado para o outro falando com pessoas, passeie de cavalo, colete itens e inúteis e nada mais. Não apenas cansa, como frustra.

O visual mantém o tom precário e mesmo nos consoles mais poderosos - caso do Xbox 360 e PlayStation 3 - os modelos são feios e mal animados, com texturas terríveis que conferem um aspecto extremamente artificial a tudo. As animações também não ajudam, parecendo robóticas demais. Ao menos as músicas são todas originais das produções da loirinha e devem agradar em cheio a criançada fã da artista. Pena que há poucos diálogos dublados.