You're in the Movies

Numa época em que nunca foi tão fácil colocar a máxima "uma idéia na cabeça e uma câmera na mão" em prática, todo mundo é um cineasta em potencial. E um lançamento como "You're in the Movies", que promete transformar qualquer pessoa em atores e diretor de filmes, soa como um produto ideal nesses tempos que o público é a peça fundamental da criação de conteúdos. Bom, pelo menos, essa era a intenção do roteiro da Codemasters.

Mas como nem tudo sai do jeito que é planejado e embora a proposta do "game" pareça divertida no papel, o que o jogador tem no Xbox 360 é um produto que falhou em sua execução. Não que toda a responsabilidade seja da Codemasters: grande parte do fracasso do título começa com um periférico oficial do console: a câmera Live Vision.

Sem luz, sem câmera

Coisa de cinema

Como dito, a proposta do game, em uma de suas principais modalidades, é colocar até quatro pessoas para atuar num dos 30 pequenos filmes disponíveis e, para isso deve correr, pular, fazer movimentos de luta, caras e bocas diante da câmera. Ninguém em sã consciência espera que a Live Vision tenha a qualidade de uma câmera de mão, mas o periférico se mostra claramente inadequado para o serviço. Falta definição e constaste na imagem e, pior, a programação que elimina o fundo do cenário geralmente não funciona. Para uma gravação minimamente decente, é preciso um ambiente bem iluminado e longe de paredes. Qualquer sombra projetada é suficiente para estragar o recorte dos atores.

Na verdade, apenas o modo de atuação traz componentes de game. Aqui, cada participante deve seguir as indicações do diretor, que basicamente consiste em jogar um minigame: quebrar vasos, fugir de macacos enfurecidos, pilotar uma moto ou tocar tambores, tudo isso fazendo gestos em frente à câmera. A dificuldade é praticamente inexistente e em quase todas as modalidades é possível usar truques para atingir a pontuação máxima. Outra requisição do diretor é pedir para fazer caras e bocas, como uma risada de gênio do crime ou olhar para dentro de um poço.

Como virou moda nesses tempos de games controlados por gestos, a parte mais divertida não é o jogo em si, mas ver alguém participando da brincadeira. O resultado, com roteiro e "acabamento" que passam longe até de um filme B, também deve provocar risadas, mais pelo resultado tosco do que por qualquer outra coisa. Mas, tudo isso tende a ficar entediante em pouco tempo. Também não compensa o tempo gasto para a "produção" do vídeo, em torno de meia hora no modo de quatro pessoas, já que o resultado final é um filminho de 60 segundos.

Dirigido por Alan Smithee

O usuário também pode sentar na cadeira de diretor. Os controles do editor são simples, mas o aspirante a Alfred Hitchcock não poderá exercer tanto sua liberdade artística, pois a criação do filme consiste em pegar cenas previamente prontas dos 30 filmes existentes e colocar na ordem que quiser, com a opção de regravar os atores com a câmera e colocar novas narrações, falas e efeitos sonoros através do headset do Xbox 360. Mesmo que você supere todas as dificuldades e consiga fazer um filme decente, é provável que consiga mostrar para menos pessoas que gostaria. Nesses tempos de YouTube, fica difícil entender a falta de uma opção de publicação online dos trabalhos, ainda mais num videogame com um serviço de rede tão robusto como o Xbox 360.