Return to Castle Wolfenstein deve ter sido um verdadeiro pesadelo para seus produtores. Não porque o jogo é exageradamente ambicioso, mas porque ele se trata de uma atualização do mais primordial jogo do gênero. E com uma enorme tradição a seguir, as expectativas eram altas - e muita gente espera alguma nostalgia inclusa... infelizmente, são esses elementos que mais acabam ferindo o jogo.
O resultado não desaponta. Fazendo uso da engine de Quake 3, Wolfenstein utiliza alguns truques de animação inéditos e belas cenas pré-renderizadas para contar uma esquecida (e obviamente fictícia) lenda da Segunda Guerra Mundial. Talvez o mais sério problema do jogo seja parecer demais com seu predecessor: a maior parte do tempo você está atirando em inimigos exageradamente genéricos e sem grandes surpresas. Enquanto Serious Sam copia Doom no seu exagero de inferioridade numérica, No One Lives Forever se inspira em Half-Life para elementos surpresa e Max Payne tenta inovar com elementos de jogabilidade inéditos, Wolfenstein conta com um protagonista inerte que não faz muito mais do que matar inimigos e encontrar saídas.
Esse marasmo é disfarçado com belos e variados ambientes, e algumas armas bastante divertidas (vai ser difícil ver um jogo do gênero sem lança-chamas depois de Wolfenstein). E o enredo tenta segurar você interessado até o fim da aventura. Mas isso não importa, pois o recheio do jogo se encontra, na realidade, no modo multiplayer.
Desenvolvido separadamente pela Nerve Software, o excelente modo online traz um dos mais balanceados, divertidos e variados jogos disponíveis. Fãs de Team Fortress imediatamente perceberam semelhanças na escolha de classes, mas a variedade de objetivos e o realismo (tanto do visual quanto da ação) prometem encher servidores no mundo inteiro. Enquanto alguns outros modos oferecem variações das fases de dominação, os tradicionais Deathmatch e Capture the Flag são ignorados (pelo menos é o que nós achamos) por sua falta de realismo. E isso não machuca o título nem um pouco.
CONSIDERAÇÕES
Return to Castle Wolfenstein certamente não receberia essa nota se não fosse pelo elemento multiplayer. E apesar de possivelmente não apelar para os viciados em adrenalina de Counter-Strike tanto quanto apela para os maníacos da estratégia de Team Fortress e Tribes, ele oferece uma original e muito bem produzida opção para quem conta com uma boa conexão Internet. Só vale lembrar: sem o número de série único não é possível acessar essa parte, portanto quem estiver pensando em adquirir uma versão pirata vai ficar chupando o dedo.