02/05/2001
da Redação
A história se repete. A id conseguiu boa parte do sucesso que tem hoje em dia pelo seu excelente Wolfenstein 3D, o remake de um (na verdade, dois) jogo de Apple ][. E agora que estamos no novo milênio, uma terceira empresa decide criar uma continuação para Wolfenstein, utilizando ironicamente a engine de Quake III, a mais recente novidade da id.
Respeitando as origens da franquia no PC, o jogo começa com a fuga do capitão B.J. Blazkowicz da prisão. E a grande ameaça de Return to Castle Wolfenstein é ninguém menos que Heinrich Himmler, o chefe da temida S.S., a força especial montada por Hitler. Himmler não é apenas um personagem fictício, ele realmente foi escolhido pelo Fuhrer para desempenhar esse papel, e se considerava a reencarnação do príncipe Heinrich, um cavaleiro teutônico do século X. Ele buscou diversos artefatos religiosos que, ele acreditava, trariam o poder que ele precisava para dominar o mundo.
Aparentemente, a missão de B.J. é impedir Himmler de ressuscitar o temido cavaleiro, e no processo, criar um exército de zumbis capazes de aniquilar as demais tropas européias. E todos sabem que B.J. odeia nazistas - ele não iria perder essa chance.
Com o poder da engine de Quake III, o visual de Wolfenstein não deixa nada a desejar. Não apenas o trabalho das texturas é um dos melhores já vistos, mas alguns efeitos de partículas são completamente revolucionários. Assim como em Unreal 2, é preciso ver o lança-chamas para acreditar na capacidade dos gráficos desses títulos.
E no que se refere à jogabilidade, Return to Castle Wolfenstein traz muitas das facetas que popularizaram o original, e inovam de maneira criativa e realista a fórmula. Quem não se lembra dos populares segredos espalhados por detrás de paredes falsas em Wolfenstein 3D? Eles estão de volta na continuação - com direito ao medidor de porcentagem de segredos encontrados no final de cada nível.
A empresa deu um novo significado ao termo 'interativo'. Antigamente, isso significava 'objetos podem ser danificados'. Mas em Wolfenstein, você pode escalar objetos, empurrá-los e, é claro, destruídos. Você pode bloquear uma porta com uma cadeira para atrasar seus perseguidores, ou subir em um armário para alcançar aquela obscura alcova que esconde uma metralhadora giratória.
A Gray Matter (que não é a mesma empresa que realizou o porte de Tony Hawk 2 para o PC, apesar de ter o mesmo nome) dividiu o jogo em seqüências de ação e furtividade, oferecendo o melhor de dois mundos. Muitos dos soldados nazistas conversam durante a missão, e é possível escutar seu diálogo, e até mesmo esfaqueá-los pelas costas furtivamente.
A equipe não se preocupa com a concorrência de Medal of Honor. Eles apostam na criação não apenas de uma trama original e fantástica, mas também na reprodução realista de armas, assim como algumas experiências mais exageradas... como a arma Tesla, capaz de disparar rajadas elétricas.
Você percebe que a Gray Matter presta atenção aos pequenos detalhes quando descobre que existem três jeitos diferentes de derrubar uma porta com chutes. E com a integração de indicadores na tela que dizem o que pode ser escalado, o que pode ser quebrado e quem pode ser esfaqueado, fica claro que eles não dormem no ponto.
Mas nenhuma invasão nazista seria completa sem vários personagens, e a produtora não apenas promete popular o castelo com nazistas de todos os tipos e postos, mas também zumbis e até mesmo amigos que o ajudarão em sua missão - controlados pelo computador, é claro.
Será que Return to Castle Wolfenstein conseguirá enfrentar gigantes como Medal of Honor? Pelo que tudo indica, a Gray Matter está fazendo questão de apelar para uma aproximação histórica, porém fantástica para o jogo. E pelo pouco que foi mostrado até agora, eles parecem ter encontrado a mistura perfeita.