Gran Turismo 3 A-Spec

da Redação

Finalmente o grande e esperado jogo de corrida do PlayStation 2 chegou ao mercado ocidental. Gran Turismo 3 chega envolto por uma aura quase mística, depois de muitos atrasos (ele estava previsto como título de lançamento japonês do console) impressionando com seu primor técnico, mas desapontando com defeitos pequenos porém significativos.

Antes de mais nada, é impossível deixar de notar que é Gran Turismo 3 é o perfeito jogo para convencer alguém de que o que aparece na TV e soa nos alto-falantes não é um videogame. A construção virtual do mundo desse título é certamente algo capaz de elevar o jogo muito além de qualquer concorrente. Cada imagem e cada som são reconstituidos com precisão inacreditável - e com muitos detalhes desnecessários adicionados para melhorar ainda mais esse patamar (reflexos na pista molhada, o brilho do sol e a simulação da propagação do som são apenas alguns destes).

E se o realismo impressiona na execução, o gigantesco número de carros simulados é ainda mais estarrecedor: são mais de 180 veículos de empresas como Toyota, Ford e Volkswagen, cada qual recriado para copiar perfeitamente o automóvel em que foi inspirado. Você vai encontrar todo tipo de caranga: o novo fusca, o Xsara, o Camaro, carros de fórmula 1, carros de rally... variedade não falta.

Um dos melhores aspectos de Gran Turismo 3 é sua divisão em Simulation e Arcade. Essas duas variedades antagônicas de jogo servem para atrair pessoas diferentes: enquanto Arcade só exige que você escolha um carro, uma corrida e a vença para abrir mais opções, o modo Simulation é para quem é obcecado por automobilismo. Você começa com uma quantia restrita de dinheiro para comprar um carro e a necessidade de tirar habilitações especiais para participar de certas competições, e então deve vencer corridas para juntar capital. O dinheiro é então usado para obter novos carros, peças para melhorá-los... ou até mesmo troca de óleo e lavagem! Enquanto o modo Simulation é perfeito para o público-alvo, o modo Arcade é um pouco complexo demais para quem gosta mesmo de jogos como Ridge Racer e Cruisin' Exotica.

Mas nem tudo é perfeito em Gran Turismo 3. E o mais estranho é que suas falhas são bastante irônicas. A maior delas é que o jogo quase não evoluiu em conteúdo desde seu predecessor, Gran Turismo 2. E se você acha que isso é uma grande crítica, engana-se: isso apenas atesta o nível de seu antecessor. Mas é frustrante gastar mais de mil reais (contando a compra do console) apenas para ver uma diferença que é essencialmente estética.

Outros pequenos defeitos prometem mostrar suas caras durante sessões de jogo, especialmente em um título como esse que praticamente exige centenas de horas de jogo. Um deles é a estranha divisão de carros para certas competições: ao invés de permitir a participação de carros baseado em suas potências e pesos, o critério de aceitação muitas vezes acaba colocando Mustangs correndo contra Fuscas... e uma simples escolha lógica de carro pode garantir uma corrida vencida sem esforço. Isso é muito prático em um RPG, onde você ganha níveis para facilitar sua vida, mas em um jogo de corrida é um sério defeito - que se torna ainda mais sério uma vez que você não tem como descobrir contra quem vai correr em nenhum lugar do jogo!

Outro grande problema é a inabilidade de se dirigir em uma linha reta. É bastante comum nos outros títulos de corrida encontrar uma certa ajuda virtual na hora de alinhar o carro na pista... mas a excessiva precisão milimétrica de Gran Turismo acaba colocando você repetidamente em um pequeno ângulo, fazendo necessárias pequenas correções em longas linhas retas. resultado: perda de performance na corrida.

Mas um dos mais desagradáveis problemas de Gran Turismo 3 são as pistas e seus campeonatos. A ausência de pequenas pistas de baixa velocidade (presentes em GT2) fazem com que os carros de pequeno porte fiquem deslocados no jogo. Por que não colocar umas três pistas pequenas e cheias de curvas como o Grand Valley? Isso faz muito mais falta do que os 300 carros retirados da versão anterior. E, nessa mesma linha, por que repetir tanto as pistas de resistência? Muitas vezes você terá que encarar a mesma prova com duração de mais de uma hora em múltiplos campeonatos. Haja paciência!