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PlayStation 2

Xenosaga Episode II

09/03/2005

da Redação
Depois de investir algumas dezenas de horas em "Xenogears", um dos mais aclamados RPGs dos videogames, muitos jogadores ficaram surpresos ao ver a tela trazer a inscrição: The End - Xenogears Episode V. Não porque a afirmativa não faça sentido: a trama milenar envolvendo reencarnação traz inúmeras oportunidades... mas foi um dos primeiros indícios que o game era parte de algo muito maior.

Com trama composta pelo casal Tetsuya Takahashi e Soraya Saga, o game foi lançado no Japão com um livro que delineava vagamente as seis partes dessa épica saga. Só que irritados com a vontade da Square em só se dedicar a série "Final Fantasy", os dois abandonaram a empresa para criar a Monolith. Seu primeiro projeto foi "Xenosaga", cujos três primeiros capítulos seriam o equivalente ao primeiro episódio de "Xenogears" - terminando com a queda da nave Eldrige, vista na apresentação do jogo para PSOne. Mas já em "Xenosaga II" Takahashi e Saga foram destituídos de suas posições como diretor e roteirista (ficando apenas como consultores do enredo), mostrando que a série continua tendo dificuldades para contar sua história na forma original.

Falando alemão

"Jenseits von Gut und Bose" começa com uma breve seqüência do desastre no planeta Miltia, mostrando outro lado do evento que precedeu em 14 anos o primeiro game. Depois dessa introdução a trama volta para a chegada da nave Elsa em Nova Miltia, exatamente onde o primeiro game parou. Lá, MOMO será conectada à Unus Mundus Network para recuperar a Y-Data. Se você não entendeu nada, já deve ter percebido que esse game é voltado especificamente para quem jogou o outro episódio.

Muitas mudanças são imediatamente perceptíveis nesse novo episódio: o visual mais realista dos protagonistas é a primeira, seguida logo pela troca de muitos dos dubladores originais. Apesar de não ser um grande problema para o fã casual, os temas e personagens recorrentes são um dos pontos mais importantes da trama, e a mudança prejudica muito essa consistência. O fato dos novos modelos serem menos expressivos e apresentarem uma animação inferior ao outro episódio só pioram isso. Em contrapartida, os ambientes estão mais belos e criativos do que nunca, ajudando a criar a atmosfera perfeita para o game.

A saída do casal criador da trama também mostra alguns outros efeitos colaterais. Apesar do roteiro continuar coerente com o resto da trama, a qualidade da narrativa é discutível: quem não gostou do começo do segundo CD de "Xenogears" terá uma surpresa ainda pior na transição de disco desse jogo. Cenas importantes são relegadas a curtas seqüências sem voz, enquanto explicações vitais são condensadas em frases secundárias que não recebem o foco necessário. Mesmo assim, descobrir mais sobre a criação de MOMO, o passado de Rubedo, Albedo e Nigredo, revelações sobre o relacionamento de Shion e Kevin e as verdadeiras forças por detrás dos misteriosos eventos e acabam servindo como uma compensação valiosa. Mas é importante não esperar uma conclusão definitiva: o game é o final do segundo ato, e deixa todas as peças em posição para a conclusão definitiva que acontecerá em "Episode III: Also Sprach Zarathustra" - algo semelhante ao final de "O Império Contra-Ataca".

Atacar ou não atacar? Eis a questão

Os sistemas de jogo da equipe original da série sempre foram bastante excêntricos, mas "Xenosaga II" leva isso longe demais. O novo combate mistura elementos de "Xenosaga" e "Xenogears" em um novo mecanismo que se prova confuso e pouco eficiente. A idéia era manter os combos com golpes diversos e somar a possibilidade de criar cadeias entre ataques de diferentes personagens com a opção Boost, que adianta o turno de outro lutador. O objetivo disso é tentar derrubar a defesa de um oponente fazendo combinações arbitrárias, e então "adiantar" a vez de outro personagem para se aproveitar dessa brecha. O Boost para adiantar a vez é conseguido ao conectar golpes com sucesso, enquanto cadeias mais longas são possíveis cada vez que o personagem abre mão de seu turno. O resultado final é uma salada de frutas, que exige a constante ação de não fazer nada para carregar golpes mais longos - um sistema nada natural, extremamente arbitrário e pouco divertido.

Os A.W.G.S. (robôs gigantes) do game anterior são substituídos por E.S., novos robôs maiores que estão muito mais próximos dos Gears de "Xenogears". Envoltos em mistério (que infelizmente foi simplificado em uma frase de um diálogo no enredo), essas máquinas são mais versáteis e poderosas que os A.W.G.S., trazendo mais variedade de golpes e habilidades - além de serem usadas apenas em combates exclusivos, ao invés do caráter opcional de seus antecessores. Mesmo assim eles acabam recebendo pouca atenção no jogo, o que é uma pena.

O ganho de experiência foi simplificado em comparação ao game anterior, mas o sistema continua pouco intuitivo - com uma piora na diferenciação dos personagens, que agora aprendem exatamente as mesmas habilidades. Eles ainda se diferenciam pelos golpes únicos, mas ao contrário do outro game, contam apenas com as combinações simples que já tem desde o início. Isso tenta ser compensado por golpes sincronizados entre personagens, mas esses são poucos e difíceis de serem descobertos e executados.

Outra mudança radical: o game não apresenta nenhuma forma de dinheiro ou lojas, restringindo a obtenção de itens a baús escondidos e recompensas por matar inimigos. Novamente, isso tenta ser compensado com a recuperação completa nos pontos de salvar, assim como um grau de regeneração automática dos personagens - mas simplesmente deixa todo o game com um equilíbrio precário em sua dificuldade.

Novas caras

Uma das principais reclamações do game original foi a falta de partes jogáveis, com longas cenas não-interativas e pouca ação. Essa característica permanece quase idêntica, mas a Monolith tentou compensar isso com mais missões opcionais (inclusive um epílogo após o fim do jogo que faz pouco sentido). Uma campanha de boas ações parece chupada diretamente das missões de "Final Fantasy X-2", e no geral o esforço parece trazer mais problemas do que soluções. Além disso, os diferentes mapas receberam uma adição de muitos quebra-cabeças variados que não fazem sentido e atrapalham o ritmo do jogo.

Se Takahashi e Saga eram sinônimos da trama épica, Yasunori Mitsuda era a alma da trilha sonora. Infelizmente o músico decidiu deixar os games de lado, e passou a missão para a compositora Yuki Kajiura (".hack"). A mudança é sensível, trazendo um estilo claramente diferente dos games anteriores, tendendo mais para uma mistura de J-Pop com toques de música céltica. A boa notícia é que em seus melhores momentos a trilha sonora é uma das melhores do gênero, apesar de muitas vezes não se encaixar bem com a ação - mas as músicas incidentais de Shinji Hosei nas partes interativas são uma verdadeira tortura musical, trazendo apenas alguns acordes bobos repetidos com freqüência assustadora. Seria melhor simplesmente deixar essa parte do jogo sem música, como aconteceu no primeiro episódio.

Em "Xenosaga II", o silêncio aparece com freqüência num momento sensível para qualquer RPG: os loadings das batalhas. Cada combate necessita de cerca de 15 segundos, uma eternidade visto que os enfrentamentos compõe grande parte do jogo. Como se não bastasse a falta de música, os objetos que compõe a cena de batalha aparecem item por item, uma situação bastante deselegante, quase inconcebível para uma produtora de nome como a Monolith.

Saga globalizada

"Jenseits von Gut und Bose" é uma mistura curiosa de "Star Wars", "Matrix" e "Evangelion", usando elementos da cultura judaico-cristã e das teorias dos psicólogos Freud e Jung para contar sua história inspirada no conceito do Ragnarok, o final cíclico dos tempos da mitologia nórdica, só que no âmbito espacial. A complexidade da trama só é comparada à maestria dos seus autores em utilizar essas simbologias de uma forma criativa e extremamente sutil. Mas para aproveitar tudo isso completamente é preciso muita dedicação e conhecimento dos outros episódios da série.

CONSIDERAÇÕES

"Xenosaga II" se esforça demais para corrigir os erros do game anterior, mas o resultado final é algo que não melhora os pontos fracos, cria novos problemas e é praticamente uma ofensa para os fãs que realmente se importam com a trama. Mas a verdade é que somente quem acompanha a série terá boas chances de aproveitar esse episódio - e essas pessoas provavelmente estão dispostas a ignorar esses erros para enfiar seus dentes nesse novo naco da batalha cósmica de proporções divinas.

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    GALERIA

    Xenosaga Episode II (Playstation 2)

    93 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Monolith
    Lançamento: 15/02/2005
    Distribuidora: Namco
    Suporte: 1 jogador, cartão de memória
    RegularAvaliação:
    Regular

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