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23/09/2010 - 17h27

Tecnologicamente defasado, Japão 'perde' franquias para o Ocidente

AKIRA SUZUKI
Da Redação
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Os jogos eletrônicos podem ter nascido nos Estados Unidos - alguns dos primeiros produtos comerciais que se tem notícia são o "Pong", de Nolan Bushnell, que depois viria a fundar a lendária Atari, o Odyssey da Magnavox, de autoria de Ralph Baer - mas foi o Japão que deu contornos definitivos aos games a partir dos anos 80 com seus fliperamas e consoles - em especial a plataforma NES, com a qual a Nintendo deu o passo definitivo para se tornar um mito da indústria (o nome da empresa já foi sinônimo de videogames).

Porém, entrando neste século, o Japão parece ter sido ofuscado pelas editoras e estúdios ocidentais, que cada vez mais exibem games de qualidade, com produções cinematográficas tornadas possíveis pelo alto nível tecnológico.

Trata-se de uma mudança de paradigma: com os hardwares cada vez mais sofisticados, as soluções tecnológicas passaram a ficar cada vez mais importantes, em vez dos subterfúgios artísticos e analógicos que tão bem funcionavam nos jogos em 2D (e até mesmo no começo da era 3D, iniciada na geração do PSone).

Para o programador Hiromasa Iwasaki, que trabalhou em jogos clássicos para PC Engine, como "Ys I-II" e "Far East of Eden: Manji-maru", o Japão começou a perder para o exterior cinco anos atrás. E o sucesso do Nintendo DS, um portátil com menos recursos, fez com que as produtoras "esquecessem" os consoles em alta definição e não evoluírem a tecnologia.

Hideo Kojima, criador da série "Metal Gear Solid", afirma que é constantemente convidado por produtoras do Ocidente, tendo como chamariz a grande capacidade tecnológica dos profissionais da indústria ocidental. "Sempre que converso com programadores do exterior, eles sempre me convidam desse jeito: 'Assim como você, os designers do Japão complementam com ideias o que os programadores consideram impossível. Mas nós complementamos com tecnologia o que os designers acham impossível'".

Trailer de "DmC Devil May Cry"


Ponto de virada

A superioridade ocidental passou a ser tão nítida que, na Tokyo Game Show de 2008, Yôichi Wada, presidente da Square Enix e da CESA, associação que representa as empresas de games no Japão, admitiu publicamente que o arquipélago perdeu a posição de principal centro de produção de jogos do mundo.

Mas Keiji Inafune, chefe de pesquisa e desenvolvimento da Capcom, foi ainda mais longe - e foi duramente criticado por isso: disse que os "jogos do Japão morreram". Na Tokyo Game Show deste ano, ele atenuou um pouco as críticas - mas só um pouco - afirmando que a comunidade local de criadores "ainda" não acabou, mas que isso é apenas questão de tempo.

Outros designers japoneses famosos têm grandes críticas aos estúdios locais. É o caso de Hideo Kojima, que supervisiona os trabalhos de "Castlevania: Lords of Shadow", cujo desenvolvimento está a cargo da espanhola Mercury Steam. O japonês disse que o pessoal do estúdio ibérico tem "sangue nos olhos", essa força passional e espírito de competitividade que não existem mais nas produtoras locais. Tomonobu Itagaki, que atualmente faz "Devil's Third" para a THQ, é todo elogios para a editora norte-americana por sua colaboração e troca de experiências, algo que ele deixa a entender que não existia em sua antiga casa, a Tecmo.

Clássicos japoneses com outros olhos

JORNADA PARA O OCIDENTE
Divulgação
"Devil May Cry", uma franquia clássica da Capcom, será feita pela inglesa Ninja Theory...
Divulgação
... enquanto "Castlevania: Lords of Shadow" está em produção na espanhola Mercury Steam...
Divulgação
... e o "Dynasty Warriors" feito no Canadá tem um assunto tipicamente ocidental: a Guerra de Troia
Seja pela admissão de superioridade ou simplesmente pela sobrevivência em um mercado cada vez mais competitivo, uma das coisas que mais chamou atenção na Tokyo Game Show 2010 foi a quantidade de propriedades intelectuais clássicas das produtoras japonesas que estão sendo tocadas no exterior. Um dos exemplos mais emblemáticos é o próprio "Castlevania: Lords of Shadow", de uma franquia que está para completar 25 anos e agora está nas mãos de uma produtora espanhola.

A Capcom é uma das companhias mais agressivas nesse modelo de produção: o próximo "Devil May Cry" será feito pela inglesa Ninja Theory e "Dead Rising 2" foi desenvolvido pela canadense Bluecastle Games, que agora faz parte do organograma da Capcom. O intuito, segundo Inafune, que passou a ter o cargo de chefe global de desenvolvimento na companhia, é que esses estúdios estrangeiros ajudem a criar games melhores, mais ainda mantendo o "pedigree" da Capcom e dos jogos japoneses. Por fim, a Koei Tecmo tem um time canadense fazendo "Warriors: Legends of Troy", game que faz parte da linha "Dynasty Warriors", franquia que completou dez anos.

Enfim, 2010 pode ser o pontapé de uma colaboração mais orgânica entre Japão e o Ocidente, em que o primeiro entra com suas propriedades intelectuais e ideias, e os estúdios do lado do Atlântico colaboram com sua tecnologia. No que isso resultará é difícil imaginar, mas, vendo os primeiros resultados dessa parceria, já se nota um choque de qualidade e uma visão renovada das franquias. Assim, espera-se que a abordagem represente um futuro (ainda) mais promissor aos jogos eletrônicos.

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