Baroque

OTÁVIO MOULIN
Colaboração para o UOL

"Baroque" representa boa parte dos lançamentos para Wii, já que é um relançamento - no caso, de um antigo RPG de ação criado originalmente para o finado Sega Saturn - e também possui forte inclinação para o casual, exigindo menos experiência do jogador. Refeito também para o Playstation 2, o jogo acaba não aproveitando os recursos do controle do console da Nintendo e mostra sua idade, principalmente em relação a uma série de problemas fundamentais de design que poderia ter sido amenizada durante a reprogramação.

Mecânica diferente

Se há uma coisa que não se pode criticar é a falta de desejo dos realizadores em apresentar algo diferente. A história coloca um protagonista sem memória em um mundo pós-apocalíptico, com o objetivo de explorar uma misteriosa Torre. Anjos, caçadores, monstros e todo tipo de bizarrice aparece para apimentar a história, que se aprofunda em uma trama bastante engenhosa, repleta de reviravoltas e toques existencialistas. É uma pena que um universo aparentemente tão rico, que rendeu até mesmo uma série de mangá no Japão, acabe sofrendo por causa da mecânica até certo ponto inovadora criada pelos produtores, que acaba quebrando a narrativa de uma maneira que a deixa quase incompreensível.

O jogo funciona como as porções de exploração de calabouços ("dungeons") em clássicos como "Phantasy Star" ou "King's Field", só que com a opção de utilizar uma câmera em terceira pessoa. O objetivo é percorrer todos os mapas até o final, enfrentando inimigos, encontrando itens poderosos e subindo de nível, como qualquer RPG do mercado. O grande detalhe é que, se você morrer antes de chegar ao final, é transportado para o início e perde tudo o que conseguiu até então, voltando para o nível 1 - com a exceção de alguns poucos itens que podem ser salvos.

É um processo que parece perfeito para manter jogadores casuais interessados, uma vez que não há muita profundidade e não é necessário muito comprometimento. Você explora corredores criados aleatoriamente, mata alguns monstros e, se morrer, começa tudo de novo sem maiores traumas. E entra aí outra novidade: a história só se desenvolve a partir de suas mortes, quando surgem inserções que avançam a trama.

Frustração

O problema é que, como dito anteriormente, o desenvolvimento da história acaba truncado pela maneira estranha de como ela é contada, quebrada constantemente por falhas e pela interação com personagens que nem sempre têm muito o que dizer. Para piorar, com o passar do tempo o processo de perder todos os itens e começar tudo de novo, apenas para ver em como tudo aquilo vai acabar, se torna frustrante e pouco divertido.

Os controles são bastante simples, com dois tipos de ataques básicos, bem diretos. Há uma infinidade de menus e itens, mas o jogo não requer muita habilidade ou estratégia, apenas a boa vontade do jogador em estar disposto a passar pelas mesmas coisas várias vezes.

Gráficos e sons são típicos de um relançamento, beirando o satisfatório, sem características marcantes ou detalhes que chamam a atenção. Para um jogo ressuscitado quase dez anos depois de seu lançamento original, bem que poderia ter havido maior empenho em criar uma apresentação caprichada e encontrar maneiras de tornar todo o esquema de morrer e explorar compensador.