Boogie

Quando um jogo falha da concepção à execução, não há nada que o salve. Nem gráficos, nem som, nada. E infelizmente, é exatamente isso que acontece com "Boogie", cuja proposta até é interessante, mas falha miseravelmente em proporcionar qualquer diversão ao jogador.

"Boogie" é uma nova franquia de música e dança da Electronic Arts focada no público casual - ou seria infantil? Não se sabe ao certo. Embora traga personagens cômicos e graciosos e cenários coloridos, mais atraentes para a criançada, a trilha sonora é composta basicamente por hits dos anos 70, 80 e alguns dos 90, muito mais aprazíveis aos adultos que curtiram essas épocas. Tal conflito de identidade até poderia ser ignorado se estivéssemos falando de um jogo bem elaborado e acabado, mas não é caso.

Dança da mão boba

A proposta de "Boogie" é trazer uma parte de dança e outra de canto. A mecânica é baseada na execução de movimentos com o Wii-Remote para requebrar seu personagem. Há também momentos de canto, nos quais você utiliza o microfone USB, que acompanha o jogo, para soltar a voz.

Para fazer seu personagem dançar basta mover o controle de um lado para o outro, no compasso da música e... é basicamente isso. Ah, você pode movê-lo para cima e para baixo também.

Cada movimento correto lhe garante pontos, além de encher uma barrinha lateral que, uma vez preenchida, permite a realização de um combo. Para acioná-lo, basta manter o botão B pressionado e movimentar o Wii-Remote nas direções indicadas, seguindo sempre o ritmo da música, e seu personagem realizará uma seqüência especial de movimentos.

Aqui a coisa parece fácil, mas, na prática, é um verdadeiro desastre, graças ao péssimo sistema de reconhecimento de movimentos e ao inútil marcador de ritmo. Este, ao invés de auxiliar, acaba atrapalhando: por mais que você mantenha um ritmo de chacoalhadas, o jogo insiste em falhar no reconhecimento. A execução de combos chega a ser irritante, de tão precário e defectivo que é o sistema.

Cada cenário é dividido em nove espaços pré-determinados, entre os quais você pode se movimentar para coletar alguns bônus e pontos extras. Emocionante. Ao menos, no modo para dois jogadores o cenário é o mesmo para ambos e os bônus são substituídos por itens que atrapalham o oponente, tornando as coisas um pouco mais divertidas do que realmente são.

A mecânica é tão crua e simplória que em vez de te divertir, faz com que você se sinta um bobo balançando o Wii-Remote de um lado para o outro. Alguns jogos casuais para a web são mais elaborados do que "Boogie", acredite. E isso por que ainda nem falamos da parte karaokê!

Cantar pra que?

Embora a seleção musical seja até bacana, com músicas de Cindy Lauper, Jackson Five, Jamiroquai e até mesmo Daft Punk, todas estão em versão cover. As músicas até enganariam, se não fossem os terríveis vocais, que de tão ruins chegam a modificar as canções originais. Mas como no modo karaokê você é o cantor (e felizmente há a possibilidade de desligar o vocal cover), isso não importa. Na verdade, os problemas são outros.

As provas de canto consistem em soltar a voz no momento em que o marcador correr por cima das barrinhas, seguindo a letra da música. Quanto mais alta a nota estiver, mais alta deverá ser a sua entonação. Ou assim deveria ser. A verdade é que independentemente do que você balbuciar no microfone, desde que fale algo no momento em que deveria estar cantando, o jogo lhe dará pontos. Isto é, não importa se você está errando a letra ou a entonação da música, basta você emitir algum som nos momentos em que deveria cantar.

Mesmo nos níveis mais difíceis, "Boogie" não oferece sequer algum desafio. Afinal, balançar o Wii-Remote no compasso da música é algo tão banal quanto cantar errado e ainda ganhar pontos.

Bonitinho e ordinário

Ao final das partidas, há um modo de edição de vídeo, que lhe permite fazer um clipe com a dança de seu personagem, adicionando alguns efeitos especiais pra lá de genéricos, como coraçõezinhos piscantes, inversão de cores, tela monocromática etc. Se ao menos a dança dos personagens fosse mais dinâmica e houvesse uma maior variedade de opções de edição, a brincadeira poderia até divertir, mas é totalmente dispensável.

Para salvá-lo do total fracasso, só mesmo os gráficos supercoloridos e detalhados, superiores à maioria dos jogos do Wii. Os cenários contam com efeitos de iluminação que dão uma boa impressão de volume aos dançarinos. Apesar de pequeno, o elenco de "Boogie" é carismático. Os personagens contam com um estilo "cartoon" semelhante ao de alguns filmes da Pixar (porém, mais infantil), além de animações suaves e divertidas.