Castle of Shikigami III

OTÁVIO MOULIN
Colaboração para o UOL

Não se sinta mal se ler o nome de "Castle of Shikigami III" e perceber que nunca ouviu falar nos dois jogos anteriores da série. Nascida nos fliperamas japoneses sob o título de "Shikigami no Shiro", esta franquia de nave da Taito é bem obscura no Ocidente e só agora tem uma boa chance de ser descoberta.

Sem pé nem cabeça

Os games da série até chegaram a ser lançados para Playstation 2 e outros consoles contemporâneos há alguns anos, mas por uma distribuidora pequena chamada XS Games. Os dois receberam novos títulos ocidentais, o primeiro acabou se tornando "Mobile Light Force 2", enquanto o segundo foi batizado como "Castle Shikigami 2", criando uma boa confusão.

Para piorar, ambos foram direto para as seções de jogos com desconto - devido ao baixo preço sugerido, o que nem sempre demonstra confiança da empresa no título - e ainda sofreram com um trabalho pobre de tradução, ficando restritos apenas às coleções dos mais fanáticos entusiastas do gênero.

Devido ao histórico complicado, pode ser difícil encontrá-los. Seria bom para tentar entender melhor a história, uma vez que, mesmo se tratando de um tradicional jogo de nave com visão vertical, há uma boa dose de diálogos e acontecimentos na trama. Alguns saudosistas irão se lembrar da série "Aero Fighters", que contava com um sistema semelhante, disponibilizando vários personagens diferentes para seleção, o que garantia algumas mudanças no enredo durante a evolução das partidas.

Mas, por algo que parece até proposital, a tradução é tão ruim que alguns diálogos são, em boa parte, incompreensíveis. Não dá para ter muita noção do que está acontecendo, ainda mais quando o jogo parece fazer citações aos capítulos anteriores. A impressão que fica é que o roteiro em inglês tentou sabotar essas referências para tentar deixar este terceiro episódio independente, por assim dizer - mas se esta era a intenção, seria melhor ter mudado o título novamente e retirar o número. Para o bem ou para o mal, se o jogo já parecia ser bastante humorado, em sua versão ocidental este senso cômico foi potencializado.

Ação tradicional

Mesmo com a narrativa capenga, o que importa mesmo em jogos de nave são os inimigos, os ataques especiais e as novidades. Este último aspecto não é muito explorado, uma vez que "Castle of Shikigami III" utiliza de elementos bastante tradicionais, mas ainda assim há ação suficiente para prender a atenção com os dois primeiros requisitos.

Você deve destruir tudo o que vê pela frente, alternando entre dois pilotos e memorizando os padrões de seus oponentes. São dez personagens selecionáveis que têm ataques e bombas diferentes, com a opção de segurar o botão para aumentar a intensidade e a forma de seu raio, como na série "Raiden". Há ainda um multiplicador de danos chamado de "High Tension System", ativado pelo uso das bombas, e uma mecânica que aumenta os danos de acordo com sua proximidade diante dos alvos, dando boas margens para diferentes estratégias.

Os chefes não chegam a impressionar pelo visual, mas muitos são gigantescos e desenhados de forma criativa, com padrões de ataques bastante variados. Alguns ainda se dão ao luxo de contar com movimentos inesperados, o que aumenta mais a expectativa ao iniciar os encontros.

No que diz respeito aos aspectos técnicos, "Castle of Shikigami" faz o que tem que fazer, sem grandes excessos - apenas o suficiente para tornar tudo agradável. Há muitos inimigos na tela, que logo fica cheia de destroços e raios, com alguns efeitos especiais bastante interessantes. Há uma equilibrada mistura de animação 2D ao estilo anime, com gráficos 3D que compõem os cenários, e algumas passagens bem emocionantes devido a movimentos espertos da câmera. Mas nada que não tenha sido feito antes, por jogos mais famosos do gênero.