No posto do console mais popular da atualidade, o Wii vem ganhando uma quantidade enorme de títulos, fruto também do baixo custo de produção para a plataforma. Isto acaba, infelizmente, também inundando a biblioteca do videogame com jogos de baixíssima qualidade ou de versões mal-acabadas de sucessos criados originalmente para outras plataformas. Felizmente há esforços louváveis como esse "de Blob", originalmente um jogo gratuito para PC criado por estudantes holandeses que evoluiu para se tornar um das aventuras mais originais e divertidas do aparelho da Nintendo lançadas neste ano.
Pintando a cidadeA cidade de Chroma, habitada pelos felizes e coloridos Raydians, foi sitiada pelas forças da corporação INKT, comandada com pulso firme pelo Comrade Black. Os invasores declararam uma guerra às cores, desbotando todo o lugar e confinando a população a prédios fortificados em enfadonhos tons de cinza.
Para fazer frente a este ataque, foi formada uma força de resistência chamada Colour Underground, que convoca o tal mascote do título, que nada mais é do que uma enorme bolha, para trazer as cores de volta à Chroma e salvar os Raydians. Tudo isto contado, é bom frisar, com seqüências animadas de ótima qualidade, que realçam o bom humor da produção e o clima festivo do jogo, agradável para todas as idades.
Plataforma diferenteAparentemente "de Blob" é um jogo de plataforma tradicional do Wii, em que você controla o personagem com o direcional analógico e faz alguns movimentos de ataque e saltos com a combinação entre Wii Remote e Nunchuck. Mas o grande diferencial é que o foco não está em enfrentar os inimigos, ainda que eles estejam presentes. O que importa aqui é restaurar a cor dos cenários.
Para isto, é necessário carregar o herói com os pigmentos, carregados por pequenos seres em forma de tubo. São três cores básicas que podem ser misturadas para formar novos tons, acumulados dentro do personagem. Assim, basta sair esbarrando em todos os lugares, desde prédios a árvores para sair pintando a cidade, com um número específico para colorir antes que o tempo se esgote.
À medida em que tudo volta a ser colorido, as aventuras de de Blob vão ficando mais complicadas. Os Raydians começam a aparecer e dar missões específicas, o que dá desafios extras ao protagonista, como enfrentar grupos de inimigos específicos ou pintar certos monumentos em um tempo determinado.
Embora seja extremamente agradável de jogar, é bom avisar que este é o típico jogo que se apóia em uma só idéia à exaustão. Se você joga alguns minutos e não gosta, provavelmente não irá se apaixonar durante o caminho, até mesmo porque as coisas podem parecer um pouco repetitivas adiante. Mas se a mecânica te cativa de começo, provavelmente você não irá desgrudar até chegar ao final, com os desafios ficando cada vez maiores e ganhando certos toques estratégicos, principalmente nos chefões. Isto sem contar um modo multiplayer local para até quatro jogadores com tela dividida, em uma pequena competição para ver quem pinta mais.
E o melhor é que a aventura é apresentada de uma maneira extremamente competente. Além do incrível uso do contraste entre elementos em tons de cinza e as cores com que você é obrigado a trabalhar, há alguns efeitos de partículas e água jamais vistos na plataforma até então. E, além do suporte para scan progressivo, a ação flui a 60 quadros por segundo de maneira estável, sem problemas gráficos comuns como lentidão ou perda de texturas.
CONSIDERAÇÕES
É revigorante encontrar tantas qualidades em um lançamento para Wii como os vistos em "de Blob". Com uma mecânica viciante e extremamente eficaz, aliada a uma apresentação gráfica única e muito bem realizada, este é uma das melhores aventuras do ano para o console. Embora não ofereça grande variedade ou um modo online, sua originalidade e bom humor são mais do que suficientes para divertir toda a família.