Final Fantasy IV: The After Years

CLAUDIO PRANDONI
Colaboração para o UOL

Trailer oficial da E3 2009

Há pouco menos de uma década a Square não admitia continuções diretas de episódios da série "Final Fantasy". Cada episódio da franquia compunha uma história em um universo único e vasto.

A tradição quebrou com o polêmico "Final Fantasy X-2", que deu sequência ao roteiro de "Final Fantasy X", mostrando o que aconteceu com os personagens da trama após o roteiro principal. Eventualmente outros capítulos receberam o mesmo tratamento, como "Final Fantasy VII" em ambicioso projeto que envolveu vários games e o filme "Advent Children", e também "Final Fantasy IV".

Inicialmente, a sequência de "FF IV" foi lançada apenas para celulares no Japão, mas percebendo o potencial do projeto a Square Enix traduziu e adaptou a aventura para o Wii, vendendo a história toda em capítulos por meio do serviço de download WiiWare.

Nostalgia à flor da pele

A história anos depois do desfecho de "Final Fantasy IV". O herói da trama agora é Ceodore, filho do antigo protagonista Cecil com a maga Rosa. Apesar do novo personagem, a maior parte do elenco do game é resgatado da jornada anterior. Felizmente, todos apresentam mudanças - inclusive visuais - passando a sensação de evolução daquele universo, não apenas uma reciclagem que busca se apoiar no sentimento de nostalgia.

Magia sem fim na TGS 2009

Contudo, o visual e mecânica de jogo focam totalmente nos aficionados pela série de RPGs. Os gráficos são todos com sprites 2D, exatamente como no título original para Super Nintendo, lançado em 1991, apresentando como novidade apenas uma resolução mais definida e suporte a telas widescreen. São atrativos interessantes, mas que pouco conseguem tirar o mofo de cima dos elementos pixelados, com poucos detalhes, sendo muitos deles reconhecíveis do próprio "FF IV" na época dos 16-bits.

O sistema de combates se apoia nas polêmicas e cansativas batalhas aleatórias e o polivalente ATB. Nele, cada personagem conta com uma barra que se enche de acordo com os atributos do herói, quando cheia permite executar uma ação. Ainda que também antigo, o sistema continua eficaz e fácil de aprender. A novidade fica por conta do Band, sistema que permite execução de golpes especiais combinados entre os membros do grupo, lembrando muito esquema similar do consagrado "Chrono Trigger" - movimentos diferentes são permitidos de acordo com os integrantes do time.

Por fim, "The After Years" introduz um raso sistema de influência lunar, que varia conforme os personagens dormem em hotéis e assim os dias se passam. A mecânica já aparecia na versão original para celulares, baseando-se no calendário real e informações do tempo obtidas pelo aparelho para variar a fase lunar, tornando-a muito mais interessante e interativa. No videogame caseiro o sistema perde profundidade, mas não deixa de garantir variedade à aventura, propiciando vantagens, desvantagens e aparições de monstros diferentes de acordo com a fase do satélite.

Dividida em capítulos, a história continua de maneira inteligente e intrigante a história de "Final Fantasy IV". O único problema fica para o modelo de venda optado pela Square, que obriga o jogador a comprar diversos capítulos para explorar o roteiro inteiro. Assim, cada fase pode ser encarada como uma história única, mas a fim de aproveitar tudo e entender plenamente é necessário desembolsar um bom dinheiro para jogar todos os onze capítulos - cerca de 5300 Nintendo Points, o equivalente a 53 dólares, o que é um valor bem alto para um título para download.