Não é nenhum segredo: até hoje a Nintendo estabelece paradigmas marcantes na indústria dos jogos eletrônicos, fato que se repete desde a era 8-bits, em idos da década de 1980. Dentre os muitos troféus dessa coleção está a série "Punch-Out!!", que conseguiu de forma simples e inteligente consolidar o boxe como um esporte divertido e engraçado nos videogames.
Todavia, no imenso vácuo que ficou entre "Super Punch-Out!!", de 1994 para Super Nintendo, e o iminente "Punch-Out!! Wii", anunciado só em 2008, outras franquias tentaram reclamar para si o cinturão de campeão. Dentre as incursões mais bem sucedidas está "Ready 2 Rumble", da Midway, que apesar de ser tridimensional consegue captar o estilo brincalhão apresentado na série da Nintendo.
Após uma estréia competente em 1999 e uma continuação de pouco impacto no ano seguinte, a série volta da aposentadoria com exclusividade para o Wii. Porém, francamente, não justifica esse suposto retorno triunfal aos ringues.
Nocaute nos controlesA escolha do Wii como plataforma obviamente se deu por conta dos controles. Assim, Ready 2 Rumble Revolution emprega a combinação Wii Remote + Nunchuk como única opção viável de jogo. O Wii Remote controla o braço direito e o Nunchuk o esquerdo, sendo que basta movimentá-los para golpear. E aí começam os problemas graves do game: o reconhecimento de movimentos é absurdamente impreciso e lento.
Há uma ampla variedade de movimentos para realizar - diretos, cruzados, ganchos, socos na barriga - mas os controles são tão ruins que irritam e jogam ralo abaixo qualquer possibilidade de estratégia. Mesmo que se chacoalhe freneticamente os joysticks o jogo simplesmente não acompanha. Não é como o minigame de boxe de Wii Sports, em que o bonequinho fica soltando pancadas a esmo: em Ready 2 Rumble Revolution há uma demora natural entre um golpe e outro, mais por falha de reconhecimento dos movimentos do que um intervalo estabelecido pela mecânica de luta.
Uma vez que os controles falham miseravelmente, toda a proposta de jogo vai abaixo como um castelinho de cartas na tempestade. Os torneios acabam sendo chatos de se jogar e, por consequência, é complicado de habilitar os muitos personagens secretos, já que se exige vitórias nos campeonatos.
Além das usuais competições há vários e criativos minigames. Ainda assim, todos sofrem do mesmo problema de atraso nos controles, convertendo-os todos praticamente em cansativos exercícios de frustração.
Outra boa idéia arruinada é a criação de lutadores. De forma intuitiva e rápida (ainda que pouco detalhista) pode-se conceber o seu próprio boxeador e equipá-lo com diversas peças de roupas e penteados distintos. Um ponto bacana é que há muitos acessórios para usar, a parte chata é que para abrir a esmagadora maioria deve-se vencer campeonatos.
De maneira geral, Ready 2 Rumble Revolution transparece um imenso esforço desperdiçado pela falta de competência em um aspecto crucial, no caso, os controles. O visual é agradável e apresenta sátiras caricatas de celebridades, a exemplos dos jogadores de futebol David Beckham e Oliver Kahn, o jurado Simon do programa televisivo American Idol e outros tantos estereótipos - além, claro, do emblemático Afro Thunder e seu vasto penteado afro.
As vozes durante as lutas (na maioria gritinhos de dor e urros de empolgação) são chatos e repetitivos, mas a dublagem do narrador das pelejas é competente e divertida.
CONSIDERAÇÕES
"Ready 2 Rumble Revolution" é um título de boa proposta e amplo conteúdo, mas que se prejudica absurdamente pelos péssimos controles. Há muito conteúdo para destravar, mas não há motivação para fazer isso, já que é praticamente impossível aguentar um campeonato inteiro ou mesmo se divertir nos minigames.