Eat Lead: The Return of Matt Hazard

OTAVIO MOULIN
Colaboração para o UOL

Em um mercado tão concorrido como os jogos de tiro e ação, explorar idéias e pontos de vista diferentes parece uma boa pedida para se destacar. Foi pensando assim que a Vicious Cycle desenvolveu "Eat Lead: The Return of Matt Hazard", uma história bastante diferente, que faz graça com séries famosas do videogame e suas convenções.

Tudo gira em torno do tal Matt Hazard, que está de volta mesmo sem ter ido a lugar algum. Se trata de um personagem original, mas que dentro do game, surge como um lendário herói do universo eletrônico que estrelou uma grande variedade de títulos desde a era 8-bits. Depois de algum tempo isolado em uma espécie de limbo digital, ele volta à ativa para participar de um jogo da nova geração, sem saber que tudo não passa de uma grande armadilha: o novo chefão da desenvolvedora tem contas a acertar com seu astro e passa a sabotar todo o trajeto.

Além de abusar da metalinguagem, "Eat Lead: The Return of Matt Hazard" faz graça com muita coisa conhecida. Há piadas e referências sobre uma infinidade de produtos e personalidades, tanto nos diálogos quanto nos gráficos e transições. De Arnold Schwarzenegger a Pernalonga, passando por "Duke Nukem 3D", "Bioshock" e "Final Fantasy", os criadores do jogo fuzilam os usuários com todo tipo de citações. Embora muitas sejam bastante óbvias, são características que transformam o roteiro em um bom exercício de memória para medir seu repertório pop.

Design genérico

Apesar do bom humor e algumas boas sacadas no roteiro, tudo acaba diluído pela apresentação e mecânica genéricas. O jogo funciona como uma aventura em terceira pessoa, como em "Gears of War" e "Dark Sector", colocando Hazard em várias situações óbvias que pedem que ele atire em um monte de bandidos e se proteja em pilares, balcões e muretas. É um esquema que se repete até o final, de forma irritante e enjoativa, até mesmo porque os controles não são os mais precisos do mercado.

Os visuais e sons também não empolgam. Apesar de uma dublagem competente, as músicas são as mais genéricas possíveis e se repetem aos montes. Os gráficos são sem vida, com modelos reutilizados a todo instante e texturas com poucos detalhes, exibindo cenários lavados e plastificados. Não há nada realmente se destaque aqui, o que é agravado pela falta de algum tipo multiplayer, online ou local.