Assim como no cinema, a 2ª Guerra Mundial já virou carne de vaca no mundo do videogame. Não dá para ficar muito tempo sem esbarrar em um novo jogo ambientado no período e "Velvet Assassin" é o mais novo exemplo disso.
Seu diferencial é que apela para uma mecânica em terceira pessoa que favorece a furtividade, copiando de forma canhestra os melhores elementos de séries consagradas de espionagem, como "Metal Gear Solid" e "Splinter Cell".
Vida de espiã"Velvet Assassin" foi inspirado na vida real da agente secreta Violette Szabo, que nasceu em Paris e se tornou uma espiã a serviço do exército britânico durante a 2ª Guerra, perita em sabotagens. No jogo a heroína se torna Violette Summer, uma operativa clandestina das forças inglesas, que sofre um atentado brutal e entra em coma em hospital militar.
O jogador então toma o controle da personagem durante seus delírios, que relembram algumas de suas missões mais marcantes. É um início estranho, que não só esmigalha a narrativa, mas falha em criar vínculo com a protagonista. A sensação seria parecida com a de um cantor que resolvesse vender uma coletânea de maiores canções antes mesmo de finalizar seu primeiro álbum.
As fases são bastante diversificadas, tanto em cenários quanto em objetivos, que passam por locais como Paris, Berlim e até mesmo o gueto da Varsóvia. Ainda assim, a fidelidade histórica e a vontade de criar um universo rico se esbarram na falta de originalidade e competência dos programadores, que se contentaram em copiar os pontos fundamentais de "Splinter Cell", por exemplo.
Há um medidor colorido na forma de uma silhueta, que informa o grau de camuflagem de Violette. Ela precisa se manter sempre escondida, apelando inclusive para a queima de fusíveis, uso de disfarces e outros artifícios para ganhar uma vantagem táctica sobre seus oponentes. Tais ameaças são despachadas também de forma furtiva e seus corpos devem ser escondidos para não alertar os outros - é, a semelhança com outros jogos não é mera coincidência. No caso de quebra de disfarce, o jeito é enfrentar os oponentes na grosseria ou escapar.
Há várias maneiras de aniquilar soldados inimigos, mas nenhuma delas é satisfatória. Há os ataques feitos de surpresa, por trás, mas não é um processo preciso e, caso você não esteja perfeitamente alinhado com o que o jogo deseja, o máximo que conseguirá é alertar o vilão. Combates face a face também não são sempre viáveis devido à escassez de armas e munição. Por fim, resta um efeito de câmera lenta por assim dizer, induzido curiosamente pela morfina injetada na personagem em coma que faz sua contraparte ilusória entrar em um estado de frenesi.
Produção modestaApesar da ambição do projeto, a equipe da Replay não parece ter tido tempo suficiente, ou mesmo recursos, para criar uma apresentação sofisticada. Há um severo problema de acabamento no jogo, com problemas de colisão, texturas estouradas e uma câmera que às vezes se perde em esquinas e pontos mais poluídos dos cenários.
A movimentação de Violette também é um tanto precária, assim como alguns dos controles - a heroína sempre parece um pouco lerda, mesmo com upgrades de suas habilidades, e comandos nem sempre são executados no momento desejado.
Pelo menos o som é mais interessante. Além de uma trilha que se encarrega de pontuar a ação de maneira clara, com as paradas dramáticas quando o disfarce é quebrado, a dublagem parece bem cuidada para simular, ou ao menos insinuar, o sotaque das diversas regiões exploradas na aventura.
CONSIDERAÇÕES
Apesar da tentativa de criar um clima cinematográfico com base em uma personagem histórica, "Velvet Assassin" esbarra na preguiça de seus desenvolvedores. O jogo é um emaranhado de idéias recicladas de sucessos como "Splinter Cell" e "Metal Gear", unidas sem muito capricho ou talento. Apesar de alguns cenários e missões interessantes, a falta de originalidade e aspectos técnicos medíocres, tornam o jogo um mero esboço de seus inspiradores.