Jak II: Renegade

da Redação

"Jak & Daxter" agradou a audiência faminta por jogos de plataforma do PlayStation 2, mas a verdade é que o game - apesar de competente no design e impressionante no aspecto técnico - era um amontoado de clichês do gênero envolvidos em uma embalagem criada especialmente para ser atraente. Para a continuação, a empresa decidiu recriar a fórmula do zero, mas nem por isso pareceu se importar muito com o quesito "criatividade".

"Jak 2" (o nome, como quase tudo, foi aparentemente mudado pela equipe de marketing) começa onde o anterior parou: Jak, Daxter e seus amigos estão experimentando algumas máquinas da antiga raça dos Precursors, tentando desvendar o enigma do portal liberado no fim do game anterior caso você colecionasse todos os itens. Todos são sugados pela fenda e aparecem em um mundo destruído. Jak é capturado e, depois de dois anos de tortura e experimentos, ganha o poder de se tornar um monstro destruidor e começa a falar (ele era "mudo" no jogo anterior). Agora é um anti-herói em busca de vingança.

A pia da cozinha deve estar em algum lugar...

Apesar de trazer os mesmos golpes e movimentos de "Jak & Daxter", muita coisa foi adicionada. Jak agora tem uma longa lista de objetivos formatados como missões. Ao invés de um grande mundo, a aventura é ambientada numa cidade que serve de elo para cada fase individual. A cidade é tão grande que Jak precisa roubar veículos e dirigir como um louco - fugindo dos policiais - para completar seus objetivos. Criativo, não? O herói também ganhou quatro armas de fogo e um skate, que podem ser usados à qualquer momento, como o poder de virar um monstro.

As fases de aventura continuam sendo o melhor do game, e nisso a produtora Naughty Dog soube aproveitar o poder de sua tecnologia. Os objetivos variados deixam a experiência divertida e interessante pelas longas horas que "Jak 2" oferece, pecando apenas talvez na estrutura de morte: cada local traz check-points e, ao morrer, você simplesmente volta para o último check-point. Eles não são marcados e muitas vezes resultam em repetição desnecessária - mas não chegam a ferir o jogo.

Jak Theft Auto

O que realmente atrapalha são as novidades. As fases da cidade são o principal problema. Essa cidade é exageradamente enorme e usar carros é quase obrigatório. Só que o sistema de mapa é horrivelmente confuso, todos os veículos são ridiculamente frágeis e dirigem como se tivessem rodas de manteiga sobre uma pista de gelo. Atropelar pedestre ou um único guarda chama a ira da polícia e você tem um dos elementos mais frustrante do jogo. E o pior: a única função da cidade é servir de caminho entre as diferentes fases e funcionar como palco para as desagradáveis missões de direção com tempo limitado. O skate voador se aproxima bastante do mesmo nível de frustração, mas pelo menos esse você pode simplesmente ignorar a maior parte do tempo.

Essa mistura Frankenstein de elementos é ilustrada com cenas que desenvolvem a trama durante o jogo. Mas além de já entregar uma das maiores surpresas (das mais manjadas) logo na abertura, o roteiro não se contenta em ser previsível. Os personagens são simples e os diálogos gratuitos. Na tentativa de criar um game mais "adulto", o jogo traz uma colagem de momentos que tentam ser dramáticos, amarrados por piadas forçadas de Daxter, e repleta de personagens bidimensionais e inconsistentes. O pior deles? O protagonista Jak, que salta de vingador revoltado a herói honrado a brincalhão bem-humorado em questão de segundos - para depois repetir o processo mais algumas vezes.

Menos é mais

"Jak 2" não deixa de ser um jogo divertido. Ele certamente conseguirá entreter jogadores com mais prática por muitas horas, mas é engraçado perceber que tantas coisas novas foram adicionadas e, mesmo assim, ele não parece melhor do que o original.

Tirado da análise de "Jak & Daxter":

"... uma sensação desagradável de que o título é o produto de inúmeros testes de Focus Groups, pois apesar de todo seu aparente charme, muitas vezes a simplicidade e falta de personalidade própria acaba deixando a experiência um pouco sem gosto."