Depois do sucesso da série Crash Bandicoot, a Naughty Dog se empenhou bravamente para explorar novos territórios e exibir todo o poder do PlayStation 2. Então chegou a hora de parar de afirmar que "os novos jogos vão utilizar todos os processadores do console", pois é exatamente essa a promessa da empresa para os fãs da Sony.
O resultado é Jak & Daxter, um jogo de plataforma que segue a mesma escola de Mario 64 e Banjo Kazooie de colecionar milhares de itens espalhados por mundos variados. A grande diferença é a beleza desses ambientes e a maneira como eles estão conectados: todas as ilhas aparecem no horizonte em qualquer momento do jogo, e você pode mudar de uma fase para outra sem interrupção ou load time.
E se você acha isso impressionante, espere só para ver as animações das conversas dos personagens. A movimentação dos olhos, bocas, braços, assim como os modelos dos personagens, parece coisa de um filme da Disney (um pouco mais para o estilo de Don Bluth, para ser mais exato).
A história é simples: Jak é um típico herói, audacioso e atlético. Daxter é seu ajudante desastrado e falador. Quando Daxter cai num poço de Eco Negro, ele se transforma em um Ottsel (que é outra palavra para 'comic relief', como aqueles personagens engraçadinhos nos filmes da Disney que servem só para espalhar algumas risadas na trama). Daxter não pára de disparar comentários engraçadinhos durante todo o jogo, enquanto Jak não diz sequer um 'ai!'.
O objetivo do jogo é coletar baterias espalhadas pelas ilhas, e reunir 'Precursor Orbs' para trocar pelas mesmas. Mas diferentemente de Mario e Banjo, cada objeto recolhido é salvo, e somente inimigos e caixas de energia e itens voltam, evitando a repetição desnecessária de certas partes do jogo, que não deixa de ser um belo bônus. Algumas missões exigem o uso de um pequeno veículo aéreo ou um pássaro, cada qual com seus próprios controles.
O controle e câmera do jogo são de fazer inveja aos grandes títulos da Nintendo, misturando pulos e golpes de maneira bastante inteligente. Golpes clássicos como a girada de Crash e o pulo com ataque para baixo de Mario. Infelizmente, a pouca variedade de golpes, somada a falta de objetivos criativos como os de Banjo, e com poucos chefes, você vai passar a maior parte do tempo em corridas e simples coleção de objetos. E com apenas 4 blocos de energia, é bem fácil morrer e ser forçado a repetir tudo de novo.
Felizmente, a estrutura de salvar jogo é inteligente: toda vez que você pega uma bateria ou faz algo muito importante, o jogo é salvo automaticamente sem interromper seu progresso. E as coreografias de Daxter cada vez que você pega uma bateria são hilárias.
CONSIDERAÇÕES
Os dois maiores problemas de Jak & Daxter são a falta de variedade no desenrolar do jogo, que pode incomodar alguns (mas não chega a ser uma grande falha) e uma sensação desagradável de que o título é o produto de inúmeros testes de Focus Groups, pois apesar de todo seu aparente charme, muitas vezes a simplicidade e falta de personalidade de Jak acaba deixando a experiência um pouco sem gosto... mas não deixe isso desanimá-lo! Jak & Daxter é certamente o melhor jogo de plataforma do ano, e um dos melhores de todos os tempos.