Yakuza 3

OTAVIO MOULIN
Colaboração para o UOL

Poderosa no Japão, a série "Yakuza" demorou a reaparecer no ocidente desde os dois primeiros capítulos lançados no Playstation 2. Enquanto os japoneses recebem um quarto episódio da série (além de um extra, passado na era feudal), só agora o público deste lado do planeta é capaz de apreciar "Yakuza 3", lançado há mais de um ano na Ásia.

O tempo com certeza fez mal ao game, que exibe alguns visuais menos sofisticados do que os atuais. No entanto, a experiência de jogar "Yakuza 3" se mantém tão absorvente quanto nos episódios anteriores, com uma história intricada e uma quantidade absurda de coisas a fazer.

De volta ao crime

Kazuma Kiryu, o protagonista da série, começa a nova aventura aproveitando sua nova vida longe do mundo do crime. Ele agora cuida de um orfanato em Okinawa e tenta dar uma vida estável à pequena Haruko, filha de uma antiga amiga de infância. Tudo parece bem até que um fantasma do passado ressurge como pivô de uma nova conspiração para mudar os rumos do poder da máfia japonesa no país. Kazuma então volta à Tóquio para tentar descobrir a verdade.

Trailer de lançamento

Assim como os anteriores, "Yakuza 3" aposta em um enredo complexo, repleto de mistérios e reviravoltas. É uma trama bem pensada, mas um pouco poluída pelo excesso de personagens e mistura de gêneros, com inserções cômicas e melodramáticas que às vezes tiram o foco do arco principal. Ainda assim, tais ruídos parecem tentativas de homenagear a cinematografia japonesa dos anos 70, inspiração fundamental da série, e acabam contribuindo para dar um clima de autenticidade ao produto.

Pancadaria para resolver problemas

O herói da história passa boa parte do jogo resolvendo seus problemas na base da porrada. Os combates em "Yakuza 3" funcionam mais ou menos como os encontros aleatórios de RPGs orientais nos quais geralmente não se pode escapar. Os comandos são relativamente simples, com ataques fortes, fracos e agarrões, mas são divertidos especialmente quando o medidor Heat está no máximo. Neste estágio, Kazuma começa a brilhar e pode desferir ataques brutais finalizadores com armas espalhadas pelos cenários, como garrafas, espadas e barris. Sprays e poças de sangue não faltam.

Conheça os personagens da trama

Entre as lutas, "Yakuza 3" dá importância à exploração de cenários e interação com personagens secundários. Tais atividades rendem missões extras e atividades paralelas que servem para aumentar as habilidades do protagonista ou mesmo lhe garantir novas armas ou modificações. O conteúdo do game é tão vasto que, terminada a história principal, ainda há dezenas de horas a serem gastas com jogos de dardos, golf ou até mesmo bizarros números de karaokê. Nem todas as atividades têm uma finalidade específica, mas são peças que tornam o universo da série mais vivo.

A apresentação enverniza toda a variedade da mecânica com qualidade, ainda que, como dito anteriormente, os gráficos já não impressionem tanto. Alguns modelos parecem simples demais, assim como algumas texturas, somados a momentos de carregamento demorado e o uso nada sutil de paredes invisíveis para delimitar cenários.

Ainda assim há uma grande quantidade de detalhes nas ruas, praias e prédios do jogo, que ajudam a desenvolver o senso de realismo. As passagens não-interativas impressionam mais, com um ar cinematográfico imponente, utilizando ângulos e movimentos característicos do estilo cinematográfico nipônico. O áudio reforça tal percepção com o vasto uso de efeitos comuns ao cinema, assim com a excelente dublagem japonesa acompanhada de legendas em inglês.