Little King's Story

CLAUDIO PRANDONI
Colaboração para o UOL

Pequeno rei na E3 2009

Uma das franquias mais conceituadas da produtora Marvelous é o simulador de fazendas "Harvest Moon". Apesar de explorar constantemente a série, lançando novos capítulos com variações mínimas, a Marvelous dá espaço também para obras originais de qualidade e refino, como é o caso de "Little King's Story".

Ainda que carregue características muito similares a "Harvest Moon", o jogo exclusivo de Wii apresenta peculiaridades e uma mecânica de jogo tão divertida e polida que garante ao game lugar na galeria de melhores produções para o Wii.

Rei, fazendeiro e jardineiro

O enredo é simples: um belo dia um garoto encontra e veste uma coroa mágica que confere a ele tanto carisma que todos ao redor tornam-se súditos dele. O guri monarca deve então cuidar do vilarejo de Alpoko e transformá-lo e um império de respeito, contando para isso com a ajuda de alguns assessores.

Na prática, a mecânica de jogo lembra uma mistura de "Pikmin" e "Harvest Moon". A princípio se tem à disposição um grupo de adultos preguiçosos que sabem apenas cavar. Os poucos recursos coletados permitem construir escolas de soldados e fazendeiros, que podem lutar e recolher alimentos da terra, respectivamente. O acúmulo de riquezas possibilita construir casas para novos habitantes e escolas de outras profissões, aumentando a gama de habilidades disponíveis para lidar com diversos tipos de obstáculos.

Construindo seu reino no Wii

Para construir pontes é necessário contar com engenheiros, ao passo que grandes troncos de árvores só são lidados de forma eficiente com lenhadores. O sistema ganha ares de estratégia ao estilo "Pikmin" pelo fato de que estes profissionais só podem exercer suas perícias se estiverem seguindo o reizinho, que pode contar apenas com um número limitado de súditos na equipe - limite este que, como é de se esperar, aumenta no decorrer da jornada.

O planejamento se aprofunda conforme o gigantesco mundo é explorado. Eventualmente, montar o time para realizar as missões do dia é uma tarefa complicada. Levar mais guerreiros para combater, ganhar tesouros e rechaçar eventuais surpresas ou focar em trabalhadores braçais para recolher riquezas no caminho, não importando qual obstáculo se ponha entre elas e o rei?

Para gerenciar os súditos, toques no direcional digital permitem alternar entre os tipos de profissionais que o seguem. O sistema não é dos mais práticos, visto que só se pode selecionar entre grupos inteiros, não pessoas individualmente. Eventualmente isso não dificulta tanto, mas nas primeiras horas de joga pode ser um transtorno, principalmente nos combates contra chefes - todos difíceis, criativos e memoráveis, com mecânicas únicas para serem batidos ao melhor estilo "Zelda".

Com os recursos obtidos, pode-se criar diversas outras construções, evoluir habilidades e poderes do próprio reizinho para assim poder ir para terras aindas ricas e longínquas. Mecânicas diferentes, divertidas e que se complementam de forma inteligente sem cansar.

Figuras respeitáveis e inesquecíveis

Parte do charme de "Little King's Story" vem do sistema de jogo simples, porém inteligente e bem executado. O restante do apelo do game vem do fantástico trabalho artístico e de design. O visual é único, combinando diversos filtros gráficos para criar um aspecto que remete a desenhos animados e ilustrações em livros de contos de fada. O Wii não processa gráficos em alta definição ou com tanta complexidade como outras, mas tal qual acontece com "MadWorld" e "No More Heroes" isso não importa aqui - o que vale é o estilo único concebido.

Cinco minutos de demonstração

Tanta competência e carisma impera também nos personagens, todos engraçados de tão malucos e muito variados. Há um padre que cuida de uma igreja de adoradores de macarrão, um assessor militar que cavalga vacas e outras tantas figuras hilárias. Neste ponto "Little King's" se assemelha bastante a "Harvest Moon", que também conta com personagens engraçadinhos. Tantas semelhanças são herança do produtor Yasuhiro Wada, criador de "Harvest Moon" que também produz "Little King's". Mas ele não é talento solitário, visto que a equipe de desenvolvimento do game é formada por gente que ajudou na realização de "Final Fantasy XII" e outros tantos títulos da Square Enix.

Dentre os muitos talentos, destaca-se a compositora Yoko Shimomura (que participou de obras memoráveis, como "Street Fighter II", "Super Mario RPG", "Super Smash Bros. Brawl" e a série "Kingdom Hearts"). Singelas faixas originais são acompanhadas por releituras impactantes de músicas clássicas, conferindo um pomposo ar de grandiosidade à epopéia de muitas horas do reizinho.