Uma das principais surpresas do ano para o Nintendo DS é "Scribblenauts", título de ação e quebra-cabeça que faturou o prêmio de melhor jogo original pelos organizadores da E3 deste ano.
Produzido pelo estúdio 5th Cell, de "Lock's Quest" e a série "Drawn to Life", o game traz a original e inovadora proposta de permitir ao jogador utilizar qualquer objeto que imaginar para resolver os problemas apresentados. Ainda mais impressionante é o fato de a distribuidora Warner ter optado por adaptar o jogo para diversos idiomas, incluindo o português do Brasil.
Contando com todas essas impressionantes e ainda uma execução competente, ainda que falha em alguns pontos, "Scribblenauts" se consolida como um dos principais jogos da já rica biblioteca do Nintendo DS.
Escrever para criarA mecânica é simples e profunda ao mesmo tempo: basta escrever o nome do que deseja usar para fazer materializar na fase. A seleção de possibilidade é imensa, valendo desde objetos, veículos, animais e até alguns lugares, como uma loja de videogames. De fato, a lista completa beira mais de 20 mil itens incluindo até piadas da internet e esquisitices, como o Keyboard Cat e o alienígena Chupacabras.
Cada um possui propriedades únicas que interagem entre si, criando uma intricada rede de possibilidades. Por exemplo, vampiros fogem ao ver alho e policiais correm atrás de rosquinhas. As fases por sua vez se dividem em dois tipos, ação e quebra-cabeça, mas que não diferem tanto em si - ainda que, como seria de se esperar, os níveis de puzzle exijam resoluções mais complexas.
De forma inteligente o game incentiva a experimentar um grande número de verbetes, concedendo pontos adicionais ao final de cada fase conforme se experimentam novos objetos ou cria-se soluções diferentes. Tal dinheiro virtual, por sua vez, serve para comprar cenários, itens e novos avatares para utilizar na aventura e, principalmente, no editor de fases, que permite compartilhar as criações online por meio da rede Nintendo WiFi Connection.
Ainda que interessante, o atrativo não funciona para quem pretende apenas jogar as fases e não tem interesse algum em criá-las. Para esses, o imenso repertório de milhares de palavras pode acabar virando um grande espaço inexplorado, visto que há um certo número de objetos que ajudam a resolver a maioria dos desafios. Itens como as asas e armas são eficazes para dar conta de muitos dos problemas apresentados.
Outro problema chato de "Scribblenauts" é o sistema de controles. Para controlar o herói Maxwell e fazer ele interagir com o que está no cenário basta clicar na tela de toque. Contudo, é assim também que se manuseiam os objetos criados e a detecção de toque não é tão precisa quanto seria necessário, ocasionando em erros desagradáveis. Nas primeiras fases isso não faz tanta diferença, uma vez que é tudo muito fácil, mas posteriormente os desafios exigem precisão e os controles podem ser inimigos na tarefa.
Tipo de situação fácil de contornar se a 5th Cell tivesse incluído outros métodos de controle, por meio do direcional digital, por exemplo, ou mesmo a possibilidade de personalizar totalmente os botões.
O visual do jogo relembra o estilo já adotado em "Drawn to Life" e "Lock's Quest", com cores vibrantes e jeito de desenho animado. Ainda assim, "Scribblenauts" ostenta personalidade própria ao tratar todos os objetos como se fossem brinquedos ou recortes de papel - é possível ver a junção entre as partes de cada um. Parte sonora limita-se a efeitos sonoros sutis e músicas animadas que não enjoam tampouco impressionam.
CONSIDERAÇÕES
"Scribblenauts" traz uma ousada promessa e cumpre ela com um capricho que pouco se vê hoje em dia. Materializar itens simplesmente escrevendo eles é divertido e ainda mais encantador ao ver as criações interagindo entre si. Melhor ainda, tudo isso em português. Jogadores menos curiosos pouco devem aproveitar o impressionante trabalho de pesquisa da 5th Cell, mas nem isso ou os controles desajeitados tiram o brilho do game.