City of Heroes

da Redação

Ser um super-herói está longe de ser novidade na vida de um jogador, afinal, são incontáveis os games por aí em que a principal missão é salvar o dia (exclua-se da lista a série "GTA" e afins, é claro). Mas, cá entre nós, a oportunidade de criar o seu próprio super-herói do zero e levá-lo a glória em uma cidade repleta de bandidos, na companhia de milhares de pessoas, é única.

Logo de cara, o que mais impressiona no RPG online "City of Heroes" é, de fato, a ferramenta de criação de personagens. A quantidade e variedade de recursos é tanta que fica difícil conceber a idéia de ver dois super-heróis iguais em Paragon City, cidade fictícia onde o game é ambientado.

Não por acaso, Cryptic Studios e NCSoft chegaram a ser processadas no ano passado, pela Marvel Comics, à medida que alguns dos personagens do jogo podiam ficar muito parecidos com as figurinhas famosas da editora - no final de 2005, contudo, as partes se entenderam, a ferramenta de criação não precisou ser modificada e o processo foi encerrado.

Ainda bem, pois criar o super-herói é uma das partes mais divertidas e gratificantes de "City of Heroes". Homem, mulher ou gigante? Alto ou baixo? Magro, atlético ou gordo? A escolha é sua. Você personaliza cabeça, tronco, pernas e por aí vai. São inúmeras as opções de capacetes, chapéus, botas, estampas, armaduras e demais acessórios à escolha do jogador. Realmente, dá pra reproduzir seu herói preferido ou criar um original.

Em seguida, é hora de definir o arquétipo, dentre cinco disponíveis: blaster, especialistas em ataques à longa distância; tanker, lutador forte no corpo-a-corpo; scrapper, veloz e poderoso para ataques à curta distância; defender, que tem o poder da cura; e o controller, ideal para fornecer suporte. Feito isso, o jogador deve escolher uma opção principal e outra secundária de habilidades (skills). Os heróis também variam em origem, que passam por mutante, ciência, tecnologia, natural e mágica. Nessa altura, já se percebe a vastidão do mundo heróico virtual.

Herói não carrega mochila

Uma vez criado o personagem, o jogador pode experimentar um tutorial que mostra os conceitos e comandos básicos de "City of Heroes", etapa dispensável para aqueles que possuem experiência em MMORPGs. É uma oportunidade para se habituar à interface e a alguns conceitos que são bastante específicos, como os "enhancements", que melhoram as habilidades, e as "inspirations", que equivalem às "poções mágicas" de games do gênero.

Ser um herói não é para qualquer um, então, o reconhecimento e gratidão das pessoas por suas boas ações garantem diversas recompensas. A mais comum delas são as "inspirations", usadas somente uma vez e que melhoram sua sorte, saúde, danos e por aí vai; já os "enhancements" são melhorias permanentes, adquiridas de duas maneiras: com pontos de influência obtidos através dos contatos (pessoas que lhe passam missões) e pegando os que são deixados por inimigos derrotados.

Diferentemente da maioria dos games do gênero, não há uma infinidade de itens para carregar, tampouco hordas enormes de criaturas vindo de todos os lados. Aliás, uma das coisas boas aqui é que não é preciso jogar um sem número de horas e atingir determinado nível de experiência para a ação tornar-se efetivamente divertida.

Em "City of Heroes", boa parte da aventura está focada na exploração do cenário, procurando contatos e missões. Paragon City é cheia de vida, no trânsito e nos transeuntes que circulam pelas ruas, entre os edifícios e construções. Pelo caminho, com freqüência, encontram-se criminosos, criaturas e outros adversários em plena ação. Aí, se você quiser, pode cumprir seu dever como super-herói de plantão e fazer justiça com as próprias mãos.

Pondo fim à bandidagem

Basicamente, o personagem é dotado da boa a velha barra de saúde, além dos pontos de resistência, gastos conforme você utiliza as suas habilidades - quanto maior esta, maior o tempo de recarga da barra. Por isso, convém gerenciar bem o uso das "skills", principalmente nas batalhas mais longas e complexas, já que é praxe ser atacado enquanto se espera o próximo golpe carregar.

Outra característica única de "City of Heroes" é a inexistência de um inventário - ao menos, tal como o conhecemos. Fora as já citadas "inspirations" e os "enhancements", não há o que coletar no jogo. Em suma, uma vez definida a aparência do seu super-herói, no início do jogo, assim ela será por toda a aventura, pois não há armaduras, armas etc.

Como "City of Heroes" estimula tremendamente a ação solitária, talvez aqui as guildas não sejam tão populares quanto em outros MMORPGs, mas há o recurso para a formação de clãs, aqui chamados de "supergroups", sendo possível personalizar cores e insígnias próprias. As missões, aliás, são sempre centradas na resolução de problemas que acontecem em Paragon, o que significa combates, combates e mais combates.

A interface do jogo facilita encontrar outros companheiros de grupo, pois você pode mostrar com clareza que seu personagem "está disponível", qual a origem dele e arquétipo, para achar companheiros de jogatina que tenham mais a sua cara. Sempre há grupos circulando pelas ruas virtuais.

Quanto ao PvP (Player versus Player), ou seja, o confronto entre jogadores, "City of Villains", a "versão bandida" da série, apimenta o clima de vez. A modalidade acontece somente em certas áreas e a partir de determinados níveis de experiência - e, naturalmente, constitui um dos maiores e mais estimulantes desafios do RPG. Afinal, por mais divertido que seja lutar contra os bandidos controlados por inteligência artificial, nada mais bacana do que colocar seu super-herói para disputar forças com um super-vilão.

Para o alto e avante

"City of Heroes" tem um enredo bastante extenso, detalhado no site oficial, mas, embora o esforço da NCSoft em torno da história seja digno de aplausos, não se trata de uma trama muito envolvente. Somente nas missões mais avançadas, com alguns "chefões" para enfrentar, é que a história cativa um pouco mais.

Talvez o principal problema do jogo sejam as missões repetitivas demais, quase sempre baseadas em "encontrar e destruir". Nas primeiras horas, o clima é bacana, mas para personagens mais experientes, as "quests" poderiam oferecer objetivos mais complexos e, principalmente, criativos.

Contudo, a atmosfera é tão envolvente e vibrante que "City of Heroes" conquista com facilidade, tornando-se viciante em poucos instantes. Aos apaixonados pelo universo das HQs e dos super-heróis, então, é tiro certo.

O RPG online chegou cerca de seis meses após "World of WarCraft", com o qual é difícil competir no ocidente (em qualquer lugar, na verdade). No Brasil, então, "City of Heroes" desembarcou oficialmente mais de dois anos após chegar às prateleiras norte-americanas. Então, para um jogo do gênero, por mais que existam as atualizações a defasagem é clara.

Em se tratando de visual, "City of Heroes", embora possua gráficos um pouco ultrapassados, eles ainda dão para o gasto, retratando o universo de heróis e vilões com a empolgação que merece. São vários os efeitos gerados pelas magias e o próprio design dos personagens empolga de primeira.

Mesmo não sendo tão profundo e demonstrando certas limitações nas missões, "City of Heroes" vale a pena pela temática e, principalmente, pela fórmula simples - o que o torna bastante amigável para os jogadores casuais ou principiantes. Mesmo assim, é capaz de contagiar até os mais experientes no ramo. A ferramenta de criação de personagens, por si só, já vale praticamente o game todo. Uma vez criado seu alter-ego virtual, basta assumi-lo e conquistar seu lugar no rol de heróis de Paragon City.