"Chariots of the Dogs", quarto capítulo da segunda temporada de Sam & Max, é o episódio que evidencia como a Telltale trata sua franquia realmente como uma série de TV. O anterior, "Night of the Raving Dead", terminou com um gancho para este novo jogo, que finalmente coloca em evidência os personagens Bosco, o paranóico dono da loja de "inconveniência", e o detetive Flint Paper, que até então tinham aparecido em pequenas pontas nas histórias.
Viajando pelo tempoFlint revela a Sam e Max que esteve vigiando Bosco por mais de quarenta anos a pedido de alguém e que o paranóico agora desapareceu da face da Terra. A dupla então começa a investigar o desaparecimento do amigo e acaba se teleportando para uma nave espacial, o que confirma que a paranóia constante de Bosco não era infundada. Eventualmente os investigadores encontram o sumido, que virou uma vaca depois de entrar em uma máquina do tempo por engano.
O foco do episódio é fazer com que Sam e Max viajem pelo tempo para salvar Bosco dos alienígenas. O problema é que muitas vezes os planos dão errado das maneiras mais absurdas, saindo até mesmo dos padrões da série, principalmente quando damos de cara com versões mais novas ou mais velhas de personagens conhecidos.
Os roteiristas conseguem não só se redimir do fraco humor do episódio anterior, em especial com os diálogos do Sam no futuro, mas disparam referências e citações a episódios anteriores de forma brilhante, em especial "Moai Better Blues", criando uma grande sensação de continuidade, como se tudo realmente fizesse parte de um grande universo.
Os enigmas funcionam, em sua maioria, utilizando os recursos de viagem no tempo e parecem ser mais abertos do que o habitual. São um pouco intimidadores a princípio, mas como também não há muito para fugir, com um pouco de criatividade e uma boa dose de paciência, eventualmente tudo é transposto em maiores frustrações. As piadas, como sempre, estão lá para aliviar esses pormenores.
Novamente o grande brilho da parte técnica vai para o trabalho do áudio, com ótimas músicas e dublagens, que são parte essencial especialmente neste episódio. Não dá para comentar sem estragar muitas surpresas, mas há muita cantoria, especialmente em torno das figuras dos alienígenas, um trio de mariachi que rouba almas pelo espaço, e é sempre impagável. De qualquer forma, o trabalho de animação também é competente, assim como o design de personagens, que mantém o alto padrão da série.
CONSIDERAÇÕES
"Chariots of the Dogs" é, até o momento, um dos episódios mais consistentes de "Sam & Max". Tem um roteiro excelente, com ótimos ganchos a outros capítulos e criativas caracterizações dos personagens, aliado a enigmas extremamente criativos, que utilizam de maneira incrível as viagens do tempo. É o que melhor encontra o equilíbrio na fórmula da franquia e, com certeza, é imperdível para fãs e amantes do gênero.