No episódio anterior, "Ice Station Santa", o primeiro desta segunda temporada, Sam e Max foram até o pólo norte para resolver uma encrenca envolvendo o Papai Noel, robôs gigantes, fantasmas dos natais passados e demônios infernais. Ali, a Telltale conseguiu agradar aos fãs da série e introduzir o esquema de jogo aos novatos, ficando livre para neste segundo capítulo, "Moai Better Blues", ir direto ao assunto, sem concessões.
Confusões na Ilha de PáscoaTirando ótimo proveito do esquema episódico de seu sistema de distribuição digital, como se fosse uma intricada série de TV norte-americana, este novo episódio começa direto com a dupla voltando de sua aventura natalina, com as maluquices de sempre. Eles logo se deparam com Sybil sendo perseguida, literalmente, por um triângulo das bermudas no meio da rua. Com a ajuda de Bosco, os detetives descobrem como deter o portal e acabam sendo enviados para a Ilha de Páscoa, ao lado de Sybil e a cabeça falante da estátua de Abraham Lincoln.
O caso, desta vez, gira em torno de uma profecia temida pelos Moais, as famosas estátuas da ilha, que acreditam que Sam e Max tenham algum tipo de ligação com uma erupção que destruirá a ilha, onde se concentra a maior parte da ação do jogo. As três estátuas são o ponto mais engraçado da história, em especial a que fica enterrada e tem sua voz abafada, mas há ainda alguns outros personagens bem interessantes, que infelizmente não serão bem compreendidos pelo público brasileiro.
Este, na verdade, parece ser o elo mais fraco deste episódio. As várias referências ao mundo pop continuam, mas desta vez o foco aqui parece ser em torno de figuras desaparecidas há muitas décadas, que não são muito relevantes por aqui. Aparições do líder sindical Jimmy Hoffa, da aviadora Amelia Earhart, do músico Glenn Miller ou do ladrão D. B. Cooper como bebês são engraçadas somente para aqueles que conhecem suas histórias reais e isto acaba pesando no aproveitamento do jogo.
Por sorte o restante do jogo mostra que a equipe da Telltale continua afiada, com enigmas engenhosos que acabam fazendo sentido dentro do amalucado mundo de Sam e Max. Há um sentido de progressão constante que torna a ação fluida e intuitiva, dando, inclusive, a sensação de que este episódio é mais curto do que deveria, mesmo com o uso de alguns minigames durante o trajeto. É o tipo de jogo que empolga, principalmente nos inspirados momentos finais, e termina deixando com vontade de jogar a continuação, assim como uma boa série de TV te deixa com vontade de esperar pelo próximo episódio.
A direção de arte segue o mesmo padrão dos jogos anteriores, com gráficos coloridos e um design de personagens bem distinto, ainda que os bebês não sejam lá tão marcantes visualmente. O grande destaque técnico vai para o som, que combina a excelente trilha sonora com um rico trabalho de dublagem, que conta com uma grande variedade de sotaques e nuances que contribuem bastante para a imersão e elaboração de piadas.
CONSIDERAÇÕES
"Moai Better Blues" é uma grande continuação que mantém o alto padrão da segunda temporada, com enigmas inteligentes e inspirados, regados a muito bom humor e inúmeras referências ao mundo pop. Peca apenas por parecer mais curto do que outros capítulos e por se apoiar demais seu humor em figuras conhecidas somente por um público restrito.