A Klei Entertanment é um estúdio relativamente novo na indústria de videogames. "Shank" é o segundo título do grupo e é impossível não notar a influência de Quentin Tarantino no trabalho, seja na história ou na violência desmedida. Facadas, espadadas, tiroteios e sangue permeiam os bytes desse jogo disponível por download no PC e nas redes Xbox Live Arcade e PlayStation Network.
Shank era integrante de um grupo um mercenário que domina a região, conhecido como "A Família". Porém, o assassino foi traído por seus parceiros, que raptaram a amada Eva. Tomado pelo espírito de vingança, ele segue esquartejando todos os capangas que encontra pelo caminho até conseguir resgatar o amor de sua vida.
Sob muitos aspectos, "Shank" nem mesmo parece ser um jogo. As imagens exibidas na tela lembram um desenho animado de Genndy Tartakovsky, como "Samurai Jack" ou "Star Wars: Guerras Clônicas". As animações suaves em conjunto com a trilha sonora orquestrada, dão mais ênfase à narrativa nas cenas de corte e não perdem o nível de qualidade durante a ação. Este é, sem dúvida, um dos títulos mais bonitos desse ano.
A mecânica tenta resgatar o espírito de jogos laterais antigos como "Ninja Gaiden" ou "Super Contra", mesclando ataques corpo a corpo com disparos de pistolas, escopetas e metralhadoras. Depois de se acostumar com a disposição dos botões, o jogador vai abrir um sorriso quando perceber que está fazendo combinações com mais de 100 acertos. Entretanto não é fácil chegar a essa façanha, principalmente pela animação do personagem que não pode ser interrompida por movimentos de defesa e esquiva. Em certas ocasiões o herói fica cercado por diversos inimigos e a escolha de um golpe equivocado no momento errado pode zerar o contador de golpes.
A disposição dos botões também não ajuda, combinando no mesmo comando ações que poderiam claramente estar em outros locais, principalmente no caso de coletar itens e de esquivar. O botão quadrado no PlayStation (ou X no Xbox 360), por exemplo, serve tanto para pegar uma garrafa para recuperar energia quanto para desferir facadas, e no calor da batalha geralmente o jogador quer guardar aquele item para momentos de emergência, mas pode acabar pegando-o sem querer enquanto distribui golpes.
Já a esquiva é feita segurando o botão de defesa e colocando para esquerda ou direita, mas ao invéz de levar Shank para um lugar seguro, ela pode colocá-lo em uma área infestada de adversários.
Como já de costume nos jogos do tipo, no final de cada estágio o jogador encontra o chefe. Enquanto alguns são ótimos desafios, como Cassandra, outros são um teste para a paciência, misturando minigames que exploram a fraqueza do oponente, como acontece com The Butcher. Esse último é um dos mais irritantes, pois ignora os movimentos de esquiva e defesa, deixando o jogador sem muitas opções além de correr para longe e atirar.
Por fim, porém não menos importante, o modo multiplayer que é limitado à partidas locais, sem opção online. No caso de "Shank" o sentimento de perda é ampliado, pois a campanha em dupla conta uma história diferente da aventura solo, com chefes e cenários novos e mostra como que Eva foi raptada.
CONSIDERAÇÕES
Com uma história de vingança e violência sem limites, "Shank" é um jogo que diverte por bastante tempo. Entretanto, o mapeamento incômodo dos botões e a ausência do modo multijogador online são fatores importantes que devem ser levados em consideração na hora da compra. Em linhas gerais, é um jogo divertido e que mantém o jogador ligado por um ou dois finais de semana.