Chronicles of Riddick: Escape from Butcher Bay

da Redação

O jogo estrelado por um Vin Diesel virtual parece ter todos os presságios de um game ruim: é baseado na trama de um filme, mas não nos eventos mostrados no mesmo em uma tentativa de fazer marketing paralelo; a produção executiva é de uma empresa fundada recentemente pelo astro principal e o game segue a fórmula genérica de "jogo de tiro em primeira pessoa com elementos de furtividade e RPG", portado de console para PC. A soma dos fatores normalmente soletra "Desastre"... mas por algum motivo, resultou em um dos melhores jogos disponíveis para o Xbox - e a experiência não desaponta no PC, mesmo com concorrentes de peso como "Far Cry" e "Half-Life 2".

Vin Diesel em dose tripla

"Escape from Butcher Bay" explora eventos mencionados tanto no filme "Eclipse Mortal" como em sua continuação - mais precisamente, a prisão de Richard Riddick, seu primeiro contato com os Elementais, a origem de sua visão noturna e seu relacionamento com o caçador de recompensas William Johns. O game abre com Riddick capturado, sendo deixado na prisão - um breve tutorial na forma de um sonho explica toda a mecânica de controle do game, preparando o jogador para a ação real.

Uma vez dentro do presídio, porém, a parte de ação demora a começar. O jogador é apresentado ao sistema de regras que rege o convívio na prisão. Missões são adicionadas como favores ou exigências de outros presos - todos personagens com caras, vozes e personalidades únicas. Gangues rivais lutam pelo controle do presídio e os guardas manipulam certos presos em troca de favores. O ambiente é magistralmente recriado e mistura à jogabilidade através de missões que desenrolam a trama.

Você vai gostar do que (não) vê

Tudo isso é apenas reforçado por alguns dos mais belos gráficos já vistos no Xbox. Assim como "Far Cry" se destacou por ser o primeiro da nova geração de jogos de tiro, "Riddick" consegue trazer um efeito avançado de sombreamento digno de "Doom 3" e "Half-Life 2". Assim como o concorrente da Id, esse é um jogo extremamente escuro - em grande parte graças ao fato de que Riddick adquire no primeiro terço da aventura o "EyeShine" - o poder de enxergar sem luz. Essa opção pode ser ativada e desativada, por uma razão óbvia: quando usada em ambientes iluminados, ela cega o personagem.

Os gráficos no PC ganham uma melhora em relação ao original para console, mesmo que a maior mudança seja uma maior resolução. Isso deixa em evidência alguns pequenos problemas nos modelos 3D, mas mesmo assim continua sendo um dos mais competentes produtos do gênero no computador. Em grande parte, isso se deve à excelente atmosfera, que é tão importante quanto os personagens da trama.

O que se segue é uma aventura de cerca de 10 horas que mistura algumas das melhores seqüências de ação, furtividade e quebra-cabeças - todos amarrados em uma trama de personagens relevantes em um mundo coerente. O design das fases é excelente: recria o ambiente de uma prisão de segurança tripla-máxima, enquanto cria situações de jogo divertidas. O game esbarra em um problema potencial: em certos momentos o mapa oferece muitos caminhos e pouco foco - fazendo com que uma série de missões do segundo terço da aventura sejam facilmente esquecidas, apesar de estarem quase completas. Essas são pequenas falhas, e incitam o jogador a tentar a aventura uma segunda vez em uma dificuldade maior... algo importante, já que o game não oferece uma opção multiplayer.

Mas a versão para PC traz uma adição inovadora que aumenta ainda mais o interesse de uma segunda partida: comentários. Além de adicionar algumas fases extras e cigarros (que destravam os bônus), a versão do desenvolvedor traz comentários dos criadores do game, semelhante ao visto em DVDs de filmes e séries. A execução aqui é excelente, mostrando cada comentário separadamente no mapa com suas informações específicas. Esse extra pode não ser para todo mundo (especialmente por estar em inglês), mas não deixa de ser algo único e interessante.