Cave Story

HENRIQUE SAMPAIO
Colaboração para o UOL

Desde 2004, quando foi lançado na forma de um modesto freeware para PC, "Cave Story" é reconhecido como um dos jogos independentes mais bem elaborados já feitos. Seu criador, o japonês Daisuke Amaya, ou "Pixel", como é conhecido, cuidou de todas as etapas do desenvolvimento (design, programação, animações, áudio etc.) ao longo de cinco anos, o que justifica tamanha admiração dos fãs.

Reconhecendo o enorme potencial que o jogo teria no Wii, uma vez que Cave Story exala Nintendo por cada um de seus pixels, a Nicalis não demorou para convertê-lo ao console, em parceria com o próprio criador e com direito a visual e áudio levemente aprimorados, suporte a tela widescreen e novos modos de jogo - tudo por US$ 12, pelo canal de compras da Nintendo. Tudo bem que no PC e Mac você pode jogar gratuitamente, mas a experiência de Cave Story combina tão bem com o Wii que vale o investimento.

Máquina do tempo

A primeira hora de jogo já dá uma boa noção do tipo de experiência que Cave Story oferece: uma aventura 2D clássica, guiada por uma história simples mas cativante, com grande foco na exploração ao melhor estilo Metroid e capaz de desafiar o mais habilidoso dos jogadores. Aqui você é o garotinho Quote, que acorda em uma caverna sem lembranças de seu passado e descobre que a vila dos Mimigas, criaturinhas brancas e sociáveis, está sendo dizimada por um cientista. Aos poucos, você vai conhecendo um grande elenco de personagens graciosos e cheios de carisma, em diálogos eficientes e bem humorados.

Clima de saudosismo no ar

A exploração dos cenários é muito bem intercalada com a ação, que pode se tornar bastante frenética em determinados momentos. Trata-se de um mundo aberto, tal como Super Metroid, que permite a livre navegação pelos ambientes (que, infelizmente, pode deixar o jogador perdido em certos momentos), ainda que de forma bem mais limitada que no clássico do Super Nintendo. Há uma série de itens distribuídos pelos engenhosos cenários do jogo, que aumentam o medidor de saúde do protagonista, além de uma grande variedade de armas.

Ao serem eliminados, os oponentes derrubam pecinhas douradas que, quando acumuladas, aumentam o nível da arma equipada, podendo chegar até três. Quanto maior o nível, mais poderosa ela é. Contudo, uma vez atingido por um oponente, o medidor de sua arma esvazia drasticamente. Alguns poucos golpes são suficientes para que sua arma volte ao nível mais básico, o que, dependendo da situação, pode significar morte na certa. É um sistema inteligente, que faz com que o jogador seja cauteloso em suas investida. Perder uma arma importante em uma situação tensa pode ser morte na certa, te levando ao último ponto salvo, os quais não são muito frequentes.

No decorrer da aventura, Quote vai ganhando novas habilidades, que permitem o acesso a novas áreas e a descoberta de passagens secretas, como uma mochila a jato. O domínio dessas habilidades, no entanto, exige bastante dedicação do jogador. O jogo traz ótimos desafios que combinam tais habilidades, principalmente durante os confrontos contra chefes, que podem ser extremamente difíceis.

Embora seja um jogo linear, a maneira como o jogador resolve certas situações determina qual dos três finais (ruim, neutro ou bom) ele receberá, o que serve de incentivo para iniciar uma nova partida do zero.

Os modos inéditos (uma corrida contra o tempo em um labirinto que abusa da dificuldade e a possibilidade de jogar com a garotinha Curly), infelizmente, não adicionam muito à experiência. Outro ponto negativo é a impossibilidade de alternar entre o visual novo e o original durante as partidas, exigindo que o jogador retome ao menu principal.