Se depender do mercado de games japonês, a crise financeira já passou. Ao menos, foi este o tom da Tokyo Game Show 2009 (TGS), que levou aproximadamente 185.000 visitantes ao centro de convenções Makuhari Messe, onde foram exibidos mais de 750 jogos, de 180 expositores - não apenas do Japão, mas de todo o mundo.
Em palestra realizada durante a feira, executivos de Sony, Konami, Capcom, Square Enix e Namco Bandai já traçavam planos para o período pós-crise. "A recessão não foi relevante para o mercado nipônico", cravou Kazumi Kitaue, CEO da Konami, que logo acrescentou, em tom de alerta: "Todo mundo se cansa de jogar a mesma coisa. Uma nova proposta deve acontecer a cada ano", acrescentou.
Entretanto, o que seu viu no evento, como de costume, foram apostas em franquias bem-sucedidas: a Sony, por exemplo, tinha "God of War III", "Gran Turismo 5" e "Uncharted 2", todos estes sequências de best-sellers.
Mas quem roubou a cena foi mesmo "Final Fantasy XIII", que chega ao Japão ainda este ano e em versão apenas para PlayStation 3 - o Xbox 360 receberá o jogo em 2010, na edição ocidental. Os nipônicos abarrotaram o estande da Square Enix para experimentar este e outros RPGs, como os da série "Kingdom Hearts".
A Microsoft, por sua vez, concentrou-se em "Halo 3: ODST", mas, mesmo ao lado de "Forza Motorsport 3", ainda parece pouco para emplacar o Xbox 360 no Japão.
Em compensação, enquanto a Sony mal mencionou seu sensor de movimentos revelado na E3, a Microsoft fez a diferença - ainda que a portas fechadas - com o Project Natal, sopro de inovação que promete mudar o jeito de jogar videogame a partir de 2010. A tecnologia, que dispensa o uso de joystick, foi exibida para jornalistas em versões de "Burnout Paradise", "Katamari" e "Space Invaders", além de "Ricochet", este feito sob encomenda.
A Nintendo, como é usual, não participou da Tokyo Game Show, mas, mesmo assim, seus consoles apareceram em alguns títulos nos estandes de produtoras como Capcom e Ubisoft, com "Okamiden" e "Red Steel 2", respectivamente.
Inovar para sobreviverSe a feira foi dominada pelos "arrasa-quarteirões" do mercado, é preciso mencionar a surpresa causada por "Bayonetta", que chamou a atenção dos japoneses, não apenas pelas curvas da protagonista que dá nome ao game, mas também pela ação desenfreada e repleta de lances cinematográficos. "Heavy Rain" e "Quantum Theory", ambos para o console da Sony, também cativaram o público.
Embora o Japão busque se aproximar cada vez mais do ocidente, para não restringir-se somente aos orientais, ao comparar a E3, que acontece em Los Angeles, com a Tokyo Game Show, as diferenças são evidentes: basta mencionar que não havia nem sinal de "Guitar Hero 5", tampouco de "The Beatles: Rock Band" na feira. Pelo visto, os jogos musicais ainda não caíram no gosto da Terra do Sol Nascente.
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Mesmo assim, a Ubisoft levou à feira suas maiores apostas para este e o próximo ano, incluindo "Assassin's Creed 2" e "Splinter Cell: Conviction". Até "Call of Duty: Modern Warfare 2" e "Operation Flashpoint 2", não muito usuais para o gosto japonês, apareceram no Makuhari Messe.
E se nos Estados Unidos há pouco espaço para o futebol, no Japão, onde "Pro Evolution Soccer 2010" ainda é chamado de "Winning Eleven 2010", disputou com "FIFA 10" a atenção do público. A rivalidade foi equilibrada, mas continua notável o avanço da série da Electronic Arts nos últimos anos.
A Tokyo Game Show 2009 teve um pouco de tudo e mostrou que a indústria de games nipônica passou mesmo pela crise, concentrando-se agora em buscar novos modelos para não deixar as inovações de lado. A boa safra de jogos do PlayStation 3 e a expectativa em torno do Project Natal garantiram um evento tão interessante quanto o de anos anteriores.